Ibovespa avança com recuperação nos mercado globais; dólar e DIs recuam

Acompanhe a movimentação das bolsas nesta terça (22)

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Por Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa seguia operando em alta, em linha com a recuperação dos mercados globais. Em um dia com uma agenda de indicadores econômicos esvaziada, a atenção dos investidores segue voltada para o andamento de pautas econômicas e discursos de membros do Banco Central nesta manhã.

Por volta das 12h10 desta terça (22), o Ibovespa avançava 1,03%, aos 115.606 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$13,6 bilhões, abaixo da média de 50 pregões que se encontra em R$17,8 bilhões.

Os investidores estavam atentos a Roberto Campos Neto em evento do Santander Brasil, onde afirmou que a luta contra a inflação ainda não está ganha e que os juros precisam ser “restritivos”. Ele reforçou, porém, que a autoridade monetária já começou a ver um “pouso suave” dos juros no Brasil.

O mercado também ficou atento à participação do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, em um evento da Fiesp, também durante a manhã. O economista ressaltou que as sucessivas quedas na bolsa não aconteceram só no Brasil, e que atualmente existe um cenário desafiador no cenário internacional.

Em relação à agenda de pautas econômicas em Brasília, a votação do novo arcabouço fiscal, na Câmara e o Projeto de Lei do Carf, no Senado, estão no foco do mercado. Há pouco, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck (PT), afirmou que espera que a aprovação do arcabouço ocorra ainda nesta semana.

No âmbito corporativo, destaque para as ON da Vale, da B3 e as PN do Itaú, que avançavam 2,11%, 1,56% e 1,04%, respectivamente, e eram as maiores contribuidoras por pontos do índice.

As ações da Vale, da CSN Mineração e de siderúrgicas subiam em linha com a forte valorização do minério de ferro na China. O contrato futuro da commodity negociado em Dalian registrou a sexta alta consecutiva na última madrugada, em linha com a melhora na percepção de risco global após a forte aversão recente pelos receios com a economia da China.

Entre as maiores altas percentuais, as ON da IRB Brasil, da Minerva e da MRV subiam 5,67%, 4,64% e 3,37%, na sequência. 

Na ponta oposta, com um início de sessão predominantemente positivo, poucas ações operavam no campo negativo. Destaque para as PN da Gol, as ON da Via e do Carrefour, que caíam 3,55%, 2,38% e 2,02%, respectivamente, entre as maiores baixas.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em baixa, em ajuste à alta registrada ontem. A curva dos DIs é impactada pela menor aversão ao risco global, que impulsiona as commodities, a bolsa brasileira e desvaloriza o dólar ante o real.

Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 recuavam 0,5 ponto-base e 4,5 pbs, respectivamente, a 12,43% e 10,57%. As taxas dos contratos para jan/27 e jan/31 caíam 7,0 pbs e 6,0 pbs, na mesma ordem, a 10,40% e 11,20%. 

O declínio dos vértices ocorre mesmo após o governo divulgar que a arrecadação federal recuou 4,2% em julho, no pior desempenho desde a pandemia. O rendimento dos títulos do Tesouro americano está próximo da estabilidade – o que alivia a pressão sobre os juros futuros no Brasil, que vinham sendo pressionados com o aumento do prêmio nas Treasuries dos EUA.

Nesta manhã, o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a grande questão no momento é saber até quando as taxas longas nos EUA ficarão em patamar elevado. O ex-número 2 da Fazenda também destacou que é preciso observar o impacto que a elevação dos prêmios americanos terá para os mercados emergentes, como o brasileiro.

Por fim, vale destacar o tradicional leilão de pós-fixados do Tesouro Nacional, que mais uma não conseguiu vender todos os títulos públicos ofertados. Foram vendidas 403,55 mil Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-Bs), de 450 mil ofertadas, e 146,25 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), de 300 mil ofertadas.

EXTERIOR

Em Wall Street, os principais índices acionários operavam sem direção definida, com destaque para as empresas de tecnologia, que estendiam os ganhos de ontem com a expectativa de um resultado positivo da Nvidia.

Perto das 12h15, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,11% e 0,58%, respectivamente, enquanto o Dow Jones recuava 0,27%. Os Treasury yields de dez anos operavam estáveis, a 4,332%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – avançavam 3,2 pbs, a 5,039%.

O Nasdaq 100 e o S&P500 caminham para encerrar o segundo dia consecutivo de ganhos e o Índice de tecnologia (XLK) subia 0,25%. Destaque para as ações da Tesla, que avançavam 1,75% na Nasdaq, recuperando-se de recentes desvalorizações.

Investidores aguardam amanhã a divulgação dos resultados da Nvidia. Ontem, em relatório, o HSBC elevou o preço-alvo da ação da companhia a US$780, o segundo maior patamar para uma empresa listada na bolsa americana, segundo a Refinitiv.

Também perto das 12h15, as ações da empresa caíam 1,04% na Nasdaq, a US$464,85, em movimento de correção após a forte valorização de mais de 8% na sessão de ontem.

Mais cedo, o presidente do Federal Reserve de Richmond, Thomas Barkin, discursou em um evento econômico e ressaltou que o banco central americano precisa chegar à meta de inflação de 2% para não “perder sua credibilidade”.

CÂMBIO

O real era a moeda que mais apreciava diante do dólar em uma cesta de 22 divisas acompanhada pela Mover. A divisa brasileira é favorecida pelo arrefecimento da aversão ao risco global e pelo avanço das commodities, em meio às expectativas de retomada da economia chinesa. 

Perto das 12h15, o dólar à vista recuava 0,99%, a R$4,9308, enquanto o dólar futuro tinha queda de 1,10%, a R$4,939. 

Apesar de perder terreno frente à moeda brasileira, o dólar avançava diante de 14 das 22 moedas. O Índice DXY avançava 0,25%, aos 103.581 pontos, o que demonstra a força do dólar diante de pares fortes e líquidos. Já as moedas de países emergentes, como o real e o peso mexicano, apreciavam em correção às perdas recentes. O Yen japonês também avançava, cerca de 0,31%, perante o dólar.