Brasília/São Paulo, 18/9/2024 – O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira não ver sinais de riscos de recessão na economia norte-americana, classificando o corte de juros de 50 pontos-base anunciado pelo banco central americano hoje como “oportuno”. Powell pontuou, porém, que os agentes não devem interpretar a magnitude do corte como um “novo ritmo”.
“Fizemos um bom e forte início em cortar os juros. E estou muito grato que fizemos isso”, afirmou Powell na coletiva de imprensa que se seguiu à decisão, minutos após o banco central reduzir a taxa-alvo Fed Funds para o intervalo entre 4,75% e 5,0%. As falas de Powell, de acordo com alguns operadores, validaram hipótese de que o chair do Fed tinha viés para um corte de maior magnitude na decisão desta tarde, embora o mercado estivesse amplamente dividido sobre o ritmo do afrouxamento monetário.
O chair do Fed, porém, afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) não se encontra “com pressa”, e que as decisões adiante serão tomadas “reunião por reunião”, baseadas em dados e em riscos. Ele também descartou visão de que o banco central se encontraria “atrás da curva”.
Powell ainda alertou que a mediana de projeções produzida pelo estafe do banco central no relatório trimestral “Dot-Plot” não consiste em um plano para a política monetária. Powell também reconheceu, na coletiva, que o FOMC adotou uma abordagem “paciente”, mantendo os juros no patamar entre 5,25% e 5,50% por 14 meses.
Segundo ele, essa abordagem “rendeu seus frutos” com a inflação recuando ao longo dos últimos dois anos. Também de acordo com ele, os riscos para os mandatos de preços estáveis e pleno emprego estão “aproximadamente equilibrados”.
Em seu racional, Powell afirmou que a economia dos EUA cresce em ritmo sólido, sem sinalizar risco de recessão. “A decisão reflete a nossa confiança crescente de que com uma recalibragem apropriada do nível de política, a força no mercado de trabalho pode ser mantida sob um contexto de crescimento moderado e uma inflação movendo-se sustentavelmente em queda para 2%”, disse Powell.
Powell também afirmou ter havido uma “boa discussão” na decisão desta quarta acerca da magnitude de corte de juros, com uma “série de visões”, mas também “muitos pontos em comum”. A decisão de hoje teve um voto dissidente, da diretora Michelle Bowman, o que não ocorria desde 2022. Foi também a primeira decisão com voto dissidente de um diretor desde 2005.
“A direção do nosso processo é para um senso de neutralidade”, complementou Powell. Ainda segundo ele, o juro neutro aparenta ser mais elevado que o observado anteriormente.
PRÓXIMOS PASSOS
De acordo com o economista-chefe da Ativa Investimento, Étore Sanchez, Powell retirou da mesa o cenário-base de novo corte de 50 pbs na próxima decisão, ao dizer que o Fed vai analisar os próximos dados r”eunião após reunião”, de forma “cautelosa”, remetendo a um ritmo de afrouxamento monetário menos intenso.
O contribuidor do TC, Alex Martins e o head de renda variável da A7 Capital, André Fernandes, porém, acreditam que o FOMC deve lançar a mão de mais cortes de 50 pbs caso novos dados do mercado de trabalho sigam mostrando fraqueza. Powell notou, na coletiva de imprensa, que o FOMC será confrontado com dois dados do Payroll antes da próxima decisão, de 7 de novembro.
(GP + LB | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)