Por: Leandro Tavares
As bolsas internacionais operam sem direção única no último pregão da semana, refletindo resultados trimestrais corporativos, entre eles da Apple, e indicadores econômicos na Europa, enquanto esperam pelo relatório de empregos nos Estados Unidos, conhecido como Payroll. Na volta do feriado no Brasil, os mercados devem corrigir refletindo o exterior no dia anterior e operar com liquidez reduzida, mas de olho na meta fiscal.
Apesar do agressivo aperto monetário conduzido pelo Federal Reserve para combater a inflação, o mercado estima que a geração de empregos nos EUA tenha desacelerado em outubro, com a criação de 180 mil novos postos de trabalho, ante 336 mil em setembro, com taxa de desemprego estável em 3,8%. Os dados do Payroll, que serão divulgados às 9h30, são chave para consolidar as apostas na trajetória de juros na economia americana.
Do lado empresarial, os investidores digerem os resultados da Apple, que teve receita abaixo do estimado pelo quarto trimestre consecutivo, colocando em xeque as vendas na China, terceiro maior mercado da companhia. A Starbucks, por sua vez, surpreendeu os analistas, enquanto a BMW viu as margens aumentarem e a gigante Merck anunciou que deve cortar 10 mil empregos para proteger sua rentabilidade.
No Oriente Médio, as forças israelenses continuam atacando a Faixa de Gaza, em meio ao alarme global sobre o aumento do número de mortes de civis palestinos. Diante disso, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em Tel Aviv para pressionar por pausas humanitárias, depois de Israel ter dito que suas tropas cercaram a maior cidade do enclave palestino.
Na Ásia, os mercados fecharam em alta, seguindo Wall Street na véspera, diante da perspectiva de juro estável nos EUA, e após o avanço no índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços na China, que veio acima de 50 pontos.
Na Europa, um dia depois de o Banco da Inglaterra manter os juros em 5,25%, os investidores reverberam os dados da balança comercial da Alemanha, que veio acima do consenso, com superávit de 16,30 bilhões de euros.
A taxa de desemprego atingiu 6,50% em setembro, na zona do euro, após dois meses consecutivos de estabilidade. No Reino Unido, os índices finais de atividades vieram abaixo da leitura de 50 pontos.
Nos EUA, além do Payroll, às 10h45, a S&P Global divulga o PMI final composto e de serviços de outubro, com a previsão abaixo de 50 pontos para ambos, enquanto às 11h a ISM divulga o PMI de serviços. Às 14h, a Baker Hughes divulga a contagem de sondas da semana.
Após a autoridade monetária manter os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50%, os Feds boys voltam à ação. Nesta sexta-feira, estão previstos dois discursos do vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr, sendo um, às 9h, e o outro, às 16h30.
No Brasil, há expectativa de que o governo apresente uma nova meta fiscal para 2024, por meio de mensagem modificativa ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO) em 16 de novembro, com a previsão de déficit em torno de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Além disso, o mercado deve repercutir o corte da Selic em 50 pontos-base pela terceira vez consecutiva, para 12,25% ao ano, já que esse é o primeiro pregão após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Ontem, o índice EWZ, que reflete o comportamento das ações de brasileiras nos EUA, avançou 2,87%, e pode direcionar o início das negociações por aqui.
Na volta do feriado, o único balanço a ser divulgado será o da CVC, após o fechamento do pregão.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,02%, 0,17% e 0,35%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,12%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,17% e o britânico FTSE-100 subia 0,13%. Entre os setores, destaque para o segmento de consumo, que subia 0,80%.
O dólar americano operava em queda em comparação aos pares. O DXY tinha baixa de 0,18%, aos 105,967 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para a lira turca, que subia 0,41%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos, ou T-Notes, operavam em alta de 0,2 pontos-base, a 4,903%, à espera do relatório de emprego.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong subiu 2,52%, enquanto Xangai Composto teve alta de 0,71%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, não operou devido a um feriado local.
O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,43% às 6h, cotado a US$126,23 por tonelada.
O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em queda de 0,29%, a US$86,60 por barril.
O Bitcoin tinha baixa de 3,26% nas últimas 24 horas, a US$34.239,00; o Ethereum caía 2,42% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir volátil, em dia de baixa de liquidez, no aguardo de dados nos EUA e de olho nas commodities. O índice tem suporte mínimo em 110.000 pontos e resistência máxima em 118.400 pontos, segundo o BB Investimentos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em baixa, mesmo movimento do último pregão, à espera de relatório de emprego nos EUA.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem operar em baixa. Os juros futuros nos EUA operam em alta, no aguardo do Payroll.
DESTAQUES
Novas exceções à Reforma Tributária devem elevar IVA a 27,5%. Nova projeção foi apresentada pelo ministro Fernando Haddad ao relator da reforma no Senado, Eduardo Braga; expectativa é de que o texto seja votado na próxima semana. (Estadão)
Governo quer nova correção do FGTS a partir de 2025. Proposta é que reajuste do Fundo pela caderneta seja feito somente daqui a dois anos. Julgamento no STF sobre o tema seria retomado na quarta-feira, mas centrais sindicais pediram retirada de pauta a fim de negociar um acordo. (O Globo)
Planalto tenta trégua, mas Lira e Renan se armam. Presidente da Câmara e emedebista já se preparam para medir forças na disputa eleitoral de 2024 pela prefeitura em Alagoas; Lula atua por pacificação entre os dois de olho em relação mais tranquila do governo com o Congresso. (O Globo)
BC mantém ritmo de corte, mas continuidade corre riscos. Pelo cenário de hoje, ao fim do ciclo de aperto monetário, a Selic será de 8,5% só em 2026, com uma taxa real de 5,5%. (Valor)
Cade está em vias de perder o quórum mínimo para julgamentos. Enquanto não repuser vagas abertas, o órgão vai se limitar a dar andamento administrativo e adiantar processos. (Valor)
O presidente Lula e Fernando Haddad não conseguiram convencer Lira sobre os benefícios públicos da aprovação do projeto de lei 5.129/2023, que muda a tributação de companhias que possuem subvenção fiscal do ICMS. Lira saiu insatisfeito da reunião. “Ele quer que o governo explique o projeto para a sociedade e para o conjunto de líderes”, disse. (Mover)
Um colapso do iene está forçando o Japão a reduzir o esforço de cinco anos no valor de 43,5 trilhões de ienes para ajudar a impedir uma invasão chinesa de Taiwan, segundo fontes. Desde que o plano foi revelado, em dezembro do ano passado, o iene perdeu 10% do seu valor em relação ao dólar, forçando o Japão a reduzir o seu ambicioso plano de defesa, calculado em US$320 milhões. (Reuters)
(LT | Colaboração de Gabriel Ponte | Edição: Machado da Costa | Arte: Vinicius Martins | Comentários: equipemover@tc.com.br)