Ibovespa perde o patamar dos 100 mil pontos com tombo em varejistas após Copom

Fernando Haddad (PT), avaliou como "muito preocupante" o comunicado do Copom

Ibovespa perde o patamar dos 100 mil pontos com tombo em varejistas após Copom

Por Patricia Lara

O Ibovespa anulou a alta e perdeu a patamar dos 100 mil pontos nesta quinta-feira, revertendo a resistência vista mais cedo. O movimento ocorre em dia de correção dos juros futuros domésticos, que avançam após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter optado por um comunicado mais duro do que o esperado após a decisão de juros de ontem à noite, esvaziando a expectativa de parte do mercado de que poderia indicar alívio monetário no curto prazo. As ações do setor de Varejo e Construção Civil também caem e pressionam o índice. No exterior, as bolsas americanas sobem, em recuperação do tombo registrado ontem.

Perto das 11h09, o Ibovespa operava em queda de 0,26%, aos 99.953 pontos, após chegar a avançar para a máxima de 101.125 pontos mais cedo. A principal pressão para a virada da bolsa em pontos veio das ações ordinárias da B3, que retiravam 77 pontos do índice. Já as ações ordinárias da Petrobras emprestavam suporte, contribuindo com 57 pontos para alta do Ibovespa. As maiores quedas percentuais eram das ações ordinárias da Magazine Luiza, que derretiam 10%, a R$ 3,22. Os ordinários da Via recuavam 6,53%, a R$ 1,86.

O contrato de dólar futuro virou para alta e subia 0,48% na B3, a R$5,276, no mesmo horário. No mercado de juros, o contrato de DI com vencimento em Jan/24 avançava 22 pontos-base, a 13,23%. As taxas longas aceleram alta a 21 pontos-base, a 13,22%.

Ontem, o Copom decidiu manter taxa básica de juros doméstica em 13,75% ao ano. O comunicado da autarquia publicado junto com a decisão foi considerado menos favorável ao corte da Selic no curto prazo. Para a equipe da XP, o trecho do documento que diz que o comitê continuará “vigilante” foi lido como um sinal de que os juros devem permanecer no patamar atual por um longo período. Ainda no documento, o BC manteve a posição de que não aceitará interferência do Planalto em suas decisões de política monetária, mesmo com o governo pressionando para que seja iniciado o processo de queda da Selic, segundo analistas ouvidos pela Mover.

Após a decisão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), avaliou como “muito preocupante” o comunicado do Copom. Em entrevista, Haddad disse que, a depender das futuras decisões do BC, o resultado fiscal deste ano pode ficar comprometido, com prejuízos para o ambiente de negócios.

No exterior, também por volta das 11h10, o índice S&P500 subia 1,18%, após ceder 1,65% ontem, e o Dow Jones ganhava 0,87%. Ontem, os índices aceleraram as perdas na reta final da sessão, na sequência das falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em coletiva de imprensa. Após o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) elevar as Fed Funds em 25 pontos-base ontem à tarde, Powell reiterou o compromisso da autoridade monetária em controlar a inflação nos Estados Unidos.