Por: Leandro Tavares
Os mercados internacionais operam em queda nesta quarta-feira, já que o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Fitch Ratings acabou pesando no sentimento dos investidores. No Brasil, a expectativa é pela definição da taxa de juros pelo Banco Central.
Na Europa, além das dúvidas sobre a maior economia do mundo, também pesam alguns dados e notícias corporativas. A Siemens Healthineers, empresa de saúde da Siemens, opera em queda de quase 7%, após registrar uma queda no lucro no trimestre, impactada pelo segmento de terapia para câncer, que teve problemas com as entregas, de acordo com agências.
A Volkswagen, por sua vez, está em negociações com uma startup de veículos elétricos na China, o que faz as ações da companhia alemã caírem mais de 1%.
Além disso, a Nos Estados Unidos, alguns indicadores e balanços corporativos podem ficar em segundo plano no pregão de hoje, com o rebaixamento da nota de crédito pela Fitch de “AAA” para “A+”, com perspectiva estável, alimentando temores quanto à deterioração da maior economia do mundo nos próximos três anos.
Logo após o rebaixamento, na noite de ontem, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, reagiu e disse que a decisão da Fitch se baseou em “dados desatualizados”, ressaltando que a economia americana se recuperou rapidamente da recessão deflagrada pela Covid-19, segundo a Reuters.
No âmbito corporativo, a expectativa é pelos balanços de Kraft Heinz, antes da abertura do mercado, e de Qualcomm depois do fechamento do pregão. Para a gigante produtora de chips, o consenso prevê um lucro por ação de US$1,81.
Às 8h, será a vez da divulgação dos juros para hipotecas em contratos de 30 anos. A ADP, por sua vez, vai divulgar às 9h15 o número de empregos privados de julho, com consenso de 189 mil novos postos de trabalho. Mais tarde, às 11h30, será divulgado o estoque semanal de petróleo da EIA, com o mercado projetando redução de 900 mil barris.
No Brasil, o dia mais aguardado pelo mercado chegou. Hoje, a partir das 18h30, o BC vai divulgar a nova taxa básica de juros. A expectativa de economistas ouvidos pelo TC Consenso é de que haja um corte de 0,25 ponto percentual, de 13,75% para 13,50%, dada a inflação ainda acima da meta para este ano, de 3,25%.
No entanto, parte dos investidores não descarta uma queda mais brusca dos juros, de 0,50 ponto percentual, já que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgado na semana passada, trouxe desaceleração dos núcleos e dos preços dos serviços, números acompanhados pelo BC.
No quesito indicadores, o dia é fraco, com apenas a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que mede a inflação na cidade de São Paulo, que teve variação de -0,14% em julho na base mensal, ante consenso de 0,02%, aprofundando a queda de meses anteriores.
Do lado corporativo, os investidores aguardam os números da Suzano, depois do pregão, com previsão de um lucro líquido de R$4,2 bilhões. Após o fechamento do mercado, serão ainda divulgados os resultados da Tenda, Taesa, Auren, Dexco, Kepler Weber, Prio, CSN e Getninjas
Apesar de não estar prevista nenhuma votação importante em Brasília esta semana, os investidores continuam de olho na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e no arcabouço fiscal.
No mercado de commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, caíram 1,07%, a 831,00 iuanes, ou US$115,60 por tonelada, com dúvidas em relação à economia americana após o rebaixamento da nota de crédito pela Fitch.
Já o petróleo tipo Brent operava em alta de 0,53%, a US$85,36, depois de a API apontar forte queda nos estoques brutos de óleo e à medida que o dólar se desvaloriza com o rebaixamento da nota de crédito dos EUA.
Ontem, o Ibovespa fechou a sessão em queda, mas acima dos 121 mil pontos, pressionado pelas ações de empresas de commodities, que recuaram em meio aos dados de atividade econômica nos EUA e na China e rumores sobre possível adiamento de reajustes pela Petrobras. No mercado de câmbio, o dólar encerrou em alta, impulsionado pela cautela do mercado antes da decisão de juros por aqui.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,56%, 0,80% e 1,19%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 caía 1,36%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 1,35% e o britânico FTSE-100 operava em baixa de 1,46%. Entre os setores de maior queda, destaque para o segmento de saúde, em baixa de 1,45%.
O dólar americano sobe em comparação aos pares. O DXY tinha alta de 0,25%, a 102,208 pontos. No geral, as moedas operam em alta, com exceção do rand-sulafricano, que cai 1,10%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam estáveis.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 2,47%, enquanto o Xangai Composto recuou 0,89%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 2,30%.
O Bitcoin tinha alta de 1,79% nas últimas 24 horas, a US$29.436,10; o Ethereum subia 1,16% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir instável, com os investidores no aguardo da decisão da taxa de juros brasileira e repercutindo o rebaixamento da nota de crédito dos EUA. O índice tem suporte na mínima em 117 mil pontos e resistência pouco acima de 123 mil pontos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, mesmo movimento visto ontem, diante de ajustes de posições antes da decisão de juros por aqui.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, com os investidores digerindo o rebaixamento da nota de crédito pela Fitch.
DESTAQUES
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ordenar à Petrobras que segure os preços dos combustíveis – segundo informações da corretora Guide – tem gerado grande repercussão no mercado e derrubou as ações da companhia ontem. De acordo com as informações obtidas pela corretora e atribuídas ao consultor político Thomas Traumann, Lula mandou suspender os reajustes que seriam dados entre ontem e hoje e mandou segurar os preços “até onde der”. (Mover)
O presidente afirmou ontem, durante sua live semanal, que a economia do Brasil vai crescer “muito mais” do que as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Lula também prometeu baratear as passagens aéreas para fomentar o turismo. Segundo o presidente, o turismo interno é grande, mas ainda é preciso discutir como baratear as passagens aéreas para permitir que mais pessoas possam viajar pelo país. “É mais barato viajar para Miami do que ir de um estado a outro do Brasil”, destacou. (Mover)
Gestores globais têm voltado a olhar os mercados emergentes com mais interesse, diante do início do afrouxamento monetário nesses países e pelos “valuations” (preços) atrativos de seus ativos frente a economias desenvolvidas. Essa tendência deve prosseguir, segundo especialistas ouvidos pela Mover, a depender de alguns fatores, entre eles o enfraquecimento do dólar e o fortalecimento das commodities, se novos estímulos à economia chinesa forem realmente realizados. (Mover)
A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou nesta terça-feira a nota de crédito dos Estados Unidos de “AAA” para “AA+”, com perspectiva estável, apontando para uma esperada deterioração fiscal nos próximos três anos, bem como uma alta e crescente carga geral da dívida do governo. Após a decisão, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, discordou do movimento, dizendo que a ação estava baseada em “dados defasados”. (Reuters)
As perspectivas de fim do aperto monetário nos Estados Unidos e o impulso disso para ativos de risco devem beneficiar os mercados emergentes, que se anteciparam no processo de alta dos juros nos últimos anos, avaliou a Ibiuna Investimentos, em carta a cotistas publicada ontem. (Mover)
Zerar o déficit em 2024 depende de R$130 bilhões em receitas adicionais. Entre as medidas para elevar a arrecadação estão o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e a tributação de fundos exclusivos. (Valor)
Após ‘erro’, Caixa revê repasse de R$12 bilhões ao Tesouro. O banco espera concluir nos próximos dias uma “auditoria interna urgente” para avaliar os impactos da necessidade de repassar o valor ao Tesouro por conta de um erro em depósitos judiciais. (Valor)
Auditorias acusam gestão da Americanas por rombo. KPMG e PwC afirmaram em CPI que a fraude na empresa eram um esquema sofisticado, elaborado de forma a impedir a identificação de irregularidades, e que instituições financeiras voltaram atrás ao serem perguntadas sobre operações com fornecedores. (O Globo)