Por Ana Luiza Serrão
O programa de renegociação de dívidas do governo federal, o Desenrola Brasil, deve beneficiar varejistas, especialmente as que possuem operações próprias de crédito ou vendas focadas no público de baixa renda, universo que inclui empresas como Carrefour Brasil (CRFB3), Lojas Renner (LREN3), Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Mercado Livre (MELI34), disseram analistas do Goldman Sachs.
Em relatório publicado nesta quarta-feira (7), a equipe do banco de investimentos informou que espera que a iniciativa do governo traga algum alívio ao poder de compra, que tem sido restringido pelo elevado endividamento das famílias.
“Ao diminuir o ônus do serviço da dívida para a população com renda de até dois salários mínimos, acreditamos que o programa Desenrola pode contribuir para aumentar o gasto do consumidor”, escreveram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini
Os ganhadores mais óbvios com o programa serão empresas de varejo que oferecem crédito ao consumidor, como o Carrefour Brasil, por meio do Banco Carrefour, e a Renner, através da Realize, que poderão ver uma aceleração na redução dos riscos de suas carteiras de empréstimos, ampliando a rentabilidade no segundo semestre. Mercado Livre, Magazine Luiza e Via também estariam nessa categoria.
Os impactos da iniciativa do governo para o crédito também podem favorecer o desempenho de empresas de atacarejo de alimentos, como Assaí (ASAI3) e Atacadão, este último controlado pelo Carrefour. Grupos que atendem a população de baixa renda no país, em alguma medida, também devem ver ganhos com o programa federal, acrescentou o time do Goldman.
O Desenrola é direcionado a pessoas físicas que ganham até dois salários mínimos e estão cadastradas em programas sociais do governo. A expectativa é que até 70 milhões de brasileiros sejam contemplados pelo projeto, com as dívidas garantidas pelo Tesouro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o programa permite que os credores ofereçam desconto nas renegociações, devido à garantia para os débitos. “Vamos refinanciar para o devedor, mas o credor não vai ter que ficar esperando o pagamento. Ele vai ter a certeza do recebimento”.