Juros disparam e dólar derrete com sinal de Selic parada

O tom mais enfático das apreensões do BC provocou uma correção na curva de juros

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Por: Patricia Lara, Luca Boni e Giovanni Porfírio

Segue o resumo dos mercados e os principais fatos e notícias que motivaram investidores na manhã desta quinta-feira.

JUROS

Os contratos futuros de juros curtos e de médio prazo apresentam alta forte, ainda que tenham saído das máximas, ajustando-se à mensagem do Comitê de Política Monetária (Copom) de que pode adiar o corte de juros diante da conjuntura “particularmente incerta”. O tom mais enfático das apreensões do BC provocou uma correção na curva de juros, enquanto várias casas e bancos passaram a postergar a expectativa de início do corte da Selic para 2024.

Perto das 12h03, o DI com vencimento em janeiro de 2024 subia 10 pontos-base, a 13,64%, após atingir 13,75% na máxima; o de Jan/25 avançava 19 pontos-base, a 12,97%; o de Jan/27 tinha alta de 7 pontos-base, a 12,85%; o DI de Jan/29 estava em alta de 6 pontos-base, a 13,01%; e o de Jan/31 tinha variação de 7 pontos-base, a 13,10%.

De 19 casas consultadas pela Mover, 10 projetam que a Selic ficará estável em 13,75% ao longo de todo o ano. Das 9 casas que consideram a probabilidade de corte, nenhuma vê espaço para um patamar abaixo de 12% diante das apreensões do BC no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos.

“Embora o tom seja inequivocamente de maior preocupação com a ancoragem das expectativas de inflação, a comunicação segue compatível com nosso cenário de Selic permanecendo no atual patamar pela maior parte do ano, com redução gradual para 12,25% até o final de 2023, que incorpora também um contexto de desaceleração da atividade econômica e da inflação”, disse o Bradesco, em nota do time de análise comandado pelo economista-chefe Fernando Honorato.

As taxas de juros só saíram das máximas após o leilão do Tesouro Nacional, que reduziu a oferta de Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e de Notas do Tesouro Nacional-Série F (NTN-Fs), o que contribuiu para arrefecer o estresse na curva de juros momentaneamente. Foram ofertadas 7 milhões de LTNs e outras 600 mil NTN-Fs.

CÂMBIO

O tom do Copom mais conservador no comunicado, associado às sinalizações de membros de Bancos Centrais externos, pressionou o dólar ante a moeda doméstica, com o contrato futuro do dólar a ceder abaixo de R$5,00.

Perto das 12h35, o dólar futuro recuava 1,44%, a R$5,007, na contramão do Índice Dólar, que se apreciava 0,42%, a 101,59 pontos, em ajuste após ter caído na véspera sob efeito do pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ontem.

“Mercado entendeu que não há espaço para queda dos juros no curto prazo. Isso, somado ao tom mais tranquilo por parte do Fed está ajudando na queda do dólar hoje ante o real”, disse Cristiane Quartaroli economista do Banco Ourinvest.

BOLSA

O Ibovespa recuava na manhã desta quinta-feira, com as ações da mineradora Vale e siderúrgicas limitando os ganhos do índice, após o minério de ferro na China atingir mínima de duas semanas, conforme o rali perde força.

Perto das 12h25, o principal índice da Bolsa caía 1,12%, aos 110.822 pontos.

As ações ordinárias da Vale e preferenciais da Petrobras desidratavam o índice em cerca de 844 pontos. Do lado positivo, os papéis ordinários de B3 e Localiza contribuíam com 121 pontos.

Em termos percentuais, as maiores quedas eram das ordinárias da CSN e units da Usiminas, que caíam 5,3% e 4,2%, respectivamente. Entre as maiores altas, as ordinárias da Azul e Via subiam 4,9% e 4,7%, na ordem.

No cenário corporativo, as ações do Santander Brasil subiam 0,33% por volta do mesmo horário, mesmo após o terceiro maior banco privado do país reportar uma queda anual de 56,5% no lucro líquido do quarto trimestre, pressionado por um aumento de 18,6% nas provisões líquidas para devedores duvidosos na comparação com os três meses anteriores.

A Oi requereu a tutela de urgência cautelar, o que abre caminho para nova recuperação judicial. Os papéis da operadora caíam 27,12% por volta das 12h20.

EXTERIOR

Em Nova York, as bolsas americanas operam mistas após a decisão de juros do Federal Reserve e o discurso do presidente do banco central, Jerome Powell, ontem.

Como esperado, o Comitê Federal de Mercado Aberto elevou a chamada taxa Fed Funds em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. Os mercados reagiram de forma positiva ao discurso mais “dovish” de Powell, ressaltando que “o processo desinflacionário começou” e que as expectativas de inflação parecem bem ancoradas.

Por volta das 12h00, os índices S&P500 e Nasdaq 100, subiam 0,69% e 1,89% respectivamente. Na ponta oposta o Dow Jones recuava 0,53%, em movimento de ajuste.

Dentro da temporada de resultados corporativos, a Meta, controladora do Facebook, Whatsapp e Instagram, divulgou ontem resultados que vieram acima do esperado. Na manhã de hoje, as ações disparavam 18,85%, a US$149,00.

Após o fechamento da sessão, investidores vão ficar atentos a balanços de outras grandes empresas do setor de tecnologia, destaque para Apple, Alphabet e Amazon.

Pela manhã, o mercado também acompanhou a decisão do Banco Central da Inglaterra que elevou sua taxa de juros em 50 pontos-base, para o patamar de 4,00% ao ano, e a decisão do Banco Central Europeu que elevou a taxa básica de juros da Zona do Euro em 50 pontos-base, para o patamar de 3,00%, ainda na tentativa de conter a inflação mais alta desde a criação do euro. Ambas as decisões vieram em linha com o esperado.