Por Gabriel Ponte
A trajetória da inflação às metas perseguidas por bancos centrais de grandes economias deverá ser lenta e demandará a manutenção das taxas de juros em níveis elevados por um período prolongado, mesmo com um eventual fim do ciclo de alta, avaliou o time de gestores da Ibiuna Investimentos em carta a cotistas divulgada nesta segunda-feira (4).
Segundo a gestora, agosto foi marcado por uma reprecifivação dos juros longos, em particular nos Estados Unidos, onde o alto déficit fiscal trouxe a perspectiva de elevadas emissões de títulos pelo Tesouro para financiar as contas públicas do país.
Para a asset, este cenário deve fortalecer a moeda americana, o que justificou a redução da posição que apostava na depreciação do dólar. A Ibiuna concentra agora o risco fora do Brasil em posições aplicadas em países com maior perspectiva de queda de juros, como os emergentes.
No mercado local, o time destacou as dúvidas quanto à meta do déficit primário zerado para 2024, diante de um arcabouço fiscal que fixa aumentos expressivos de despesas públicas e conta com projeções “exageradamente otimistas” de arrecadação.
“Abriu-se assim a perspectiva de que a meta do novo arcabouço fiscal seja relaxada em seu primeiro ano de vigência, obviamente comprometendo a credibilidade de todo o novo regime fiscal como âncora da trajetória de estabilização da dívida pública”, complementaram os gestores na carta.
A Ibiuna informou seguir com posições construtivas no mercado brasileiro, embora menores em razão da elevação do prêmio de risco local. Segundo os gestores da asset, a fragilidade dos fundamentos locais exemplifica o motivo de o Brasil ser considerado um “trade tático e oportunista”, mas não de alocação construtiva.