Supremacia do dólar é prioridade

Garantir supremacia do dólar é prioridade número 1, diz secretário do Tesouro dos EUA

Garantir supremacia do dólar é prioridade número 1, diz secretário do Tesouro dos EUA

Brasília, 13/8/2025 – O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que garantir a supremacia do dólar americano é a sua “prioridade número um” enquanto ocupante do posto no governo do presidente Donald Trump.

A afirmação de Bessent, visto por muitos como o “adulto na sala” do governo de Trump, vem em momento em que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem defendido que países do BRICS busquem alternativa ao dólar para comércio dentro do bloco.

“Por que Rússia, China e Irã querem abandonar esses trilhos de pagamento em dólar? Porque, quando há mal comportamento, podemos tornar bastante difícil para eles com sanções. Temos poder extraterritorial com o dólar”, disse Bessent, em longa entrevista à Bloomberg Businessweek.

Trump anunciou tarifas de até 50% para importações do Brasil, em decisão divulgada dias após um encontro dos BRICS no Rio de Janeiro em que Lula defendeu comércio em outras moedas, ideia que ele repetiu nesta semana.

“Podemos discutir, no BRICS, a necessidade de uma moeda de comércio entre nós dos BRICS. Não recuso esta ideia. Preciso testá-la. Se a ideia fracassar, eu estava errado, mas preciso de alguém me convencer que eu estava errado”, afirmou Lula, em entrevista à Band News, na véspera.

“Nós temos o direito de negociar. Por que não posso negociar com a China na moeda chinesa e brasileira? Por que não posso negociar com a Índia na nossa moeda? É plenamente possível”, complementou.

TÁTICAS COMERCIAIS

Na longa entrevista à Bloomberg, que detalha a influência exercida por Bessent sobre as decisões de Trump, e a percepção dos agentes econômicos acerca da presença do ex-gestor de hedge funds no governo, o secretário também comentou sobre a estratégia de Trump nas negociações tarifárias.

Para Bessent, as ameaças maximalistas de Trump no âmbito comercial são “cruciais” para os EUA obterem concessões de parceiros econômicos, bem como atrair investimentos, aos moldes dos obtidos com Japão e União Europeia, por exemplo.

TRUMP X SOROS

Bessent, que trabalhou ao longo da década de 1990 no Soros Fund Management (SFM), gestora fundada por George Soros – célebre pelo episódio em que apostou contra a libra esterlina em 1992 – estabeleceu um elo de comparação entre Trump e o mega investidor húngaro-americano. “O presidente Trump tem uma tolerância incrível ao risco e um instinto incrível de sobrevivência. Soros é da mesma forma”, comparou.

Em um episódio histórico para os mercados e economia, Soros e Stanley Druckenmiller posicionaram-se vendidos na libra esterlina, sob viés de que o Banco da Inglaterra seria obrigado a cortar os juros, em razão de dificuldades de pagamentos de hipotecas por tomadores de empréstimos no mercado imobiliário.

A observação do cenário macroeconômico para materialização da posição estratégica de Soros contra a libra esterlina veio, na ocasião, de um jovem Bessent, que estudou o mercado imobiliário do Reino Unido e reportava-se diretamente a Druckenmiller.

A operação resultou ao Quantum Fund, principal hedge fund da Soros Fund Management, um lucro superior a US$1 bilhão, e o famoso apelido a Soros de “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”.

“Estou impressionado em quão bem ele navegou o ambiente político”, afirmou Druckenmiller à Businesweek, chefe direto de Bessent no SFM, na década de 1990.