Por Patrícia Lara
Em semana movimentada por decisões de juros dos Bancos Centrais, as bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos começam esta segunda-feira em queda diante da expectativa de nova alta dos juros americanos, ainda que em um ritmo mais moderado, e com cautela em relação a resultados trimestrais de empresas.
No Brasil, as atenções convergem para uma série de reuniões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo, em meio a uma negociação intensa para avançar em pautas econômicas no início do governo. O ministro tem encontros com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com a diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e com o presidente do Itaú, Milton Maluhy. Em reunião com governadores na sexta-feira, Haddad pediu apoio para a votação da Medida Provisória que altera as regras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
No exterior, o dólar americano cai ante a maioria das moedas do Grupo dos 10 países mais desenvolvidos.
Para a reunião do Federal Reserve, Banco Central americano, na quarta-feira, a expectativa é de uma desaceleração no ritmo de alta de juros, para 0,25 ponto porcentual para a faixa entre 4,50% e 4,75%, após dados recentes abaixo ou em linha com as expectativas de inflação.
No mesmo dia do Fed, o Comitê de Política Monetária tem encontro no Brasil e o consenso do mercado é que a taxa Selic deve seguir em 13,75% diante dos desafios fiscais. Na quinta-feira, os BCs da Zona do Euro e da Inglaterra anunciam suas decisões de política monetária.
O juro dos títulos de 10 anos subia nesta manhã com a cautela que prevalece no mercado. Outra razão de cautela vem da Europa, onde o Produto Interno Bruto da Alemanha, principal economia da região, mostrou uma inesperada contração de 0,2% no quarto trimestre, uma desaceleração acentuada após a expansão de 0,5% nos três meses anteriores e abaixo do consenso de estabilidade apontado em pesquisa da Reuters.
Na volta do feriado prolongado do Ano Novo Lunar, os futuros do minério de ferro estenderam os ganhos na Bolsa chinesa de Dalian, subindo 2%, com o otimismo sobre a recuperação econômica da China. As viagens dentro da China dispararam 74% durante o feriado, ante o mesmo período do ano passado, diante do alívio das restrições de controle de Covid-19. Mas os dados não animam o petróleo, com o Brent recuando para a casa de US$86,52 o barril.
A agenda de indicadores do dia é leve com destaque apenas para o índice de atividade manufatureira do Fed de Dallas nos Estados Unidos. No Brasil, a pesquisa Focus fica no radar em meio à deterioração das projeções de inflação, o que tem ampliado a preocupação sobre desancoragem das expectativas.
MERCADOS GLOBAIS
-Perto das 07h00, os futuros dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 recuavam 0,58%, 0,85% e 1,23%, respectivamente. McDonald’s e General Motors divulgam balanços nesta terça-feira, seguidos pelos resultados da Apple, Meta Platforms, Amazon e Alphabet ao longo da semana.
-Na Ásia, as bolsas fecharam com desempenhos mistos. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, caiu 2,73% e o índice de referência Xangai Composto subiu 0,14%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subia 0,19% e o Kospi 200, da bolsa de Seul, caiu 1,35%. O índice Nifty, da Bolsa da ìndia, caiu 0,3%, após um dia volátil das ações do Grupo Adani, que fecharam em alta de 10%
-O futuro do petróleo Brent para entrega em março cedia 0,60%, a US$ 79,24 o barril.
-O contrato de ouro para entrega em março recuava 0,17%, a US$1.942,20 a onça-troy.
-O minério de ferro subiu 2% na bolsa chinesa de Dalian, a 873,50 iuanes, ou o equivalente a US$129,40 a tonelada.
-O Bitcoin avançava 1,63% nas últimas 24 horas, a US$22.974,70; o Ethereum subia 4% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
-O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedia 0,91% no pré-mercado americano.
-Os contratos de juros futuros na B3 devem seguir o câmbio e monitoram as reuniões de Haddad.
DESTAQUES
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne hoje pela tarde com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Olaf Scholz, no Palácio do Planalto. Na pauta do encontro estarão doações do país europeu ao Fundo Amazônia, além do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, segundo agências. É a primeira vez em mais de sete anos que um chanceler alemão não visita Brasília. (Mover/O Globo)
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), afirmou que não há no governo uma discussão sobre ampliar mais uma vez a desoneração dos combustíveis, que vai até o fim de fevereiro. Ainda segundo ele, o Ministério da Fazenda está em diálogo com os estados para debater a recomposição do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. (Valor)
A nova gestão da Petrobras avalia nomes para a diretoria, incluindo o antigo geólogo-chefe da companhia, Mário Carminatti, que liderou esforços na descoberta do pré-sal, para assumir a área de Exploração e Produção, segundo fontes. O novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, considera nomear ainda o atual gerente-executivo de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da empresa, Joelson Mendes, para a diretoria de Desenvolvimento da Produção. (Scoop by Mover)
As ações da Philips subiam 7% no exterior depois que o grupo industrial holandês reportou lucros melhores do que o esperado no último trimestre de 2022. A empresa registrou 651 milhões de euros em lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização, contra um consenso compilado pela empresa de 428 milhões de euros. A Philips também disse que cortará 6.000 empregos para restaurar a lucratividade após um recall de aparelhos respiratórios defeituosos que a levou a perder 70% de seu valor de mercado. (Financial Times)
A Renault e Nissan concordaram nesta segunda-feira em reestruturar sua aliança de décadas, em um movimento que pode levar à redução da participação da Renault na Nissan de cerca de 43% para 15%. As empresas automotivas terão cada uma 15% do capital do outro grupo, “com a obrigação de conservar a participação”, informa o comunicado. O grupo francês, no entanto, não vai vender de maneira imediata o restante de suas ações na Nissan porque seu valor de mercado é muito inferior ao preço atualmente registrado em seus balanços. (CNBC)
AGENDA
-Boletim Focus (Brasil) – O Banco Central publicará o Boletim Focus, com o resumo semanal de estatísticas calculadas segundo as expectativas de mercado. Divulgação: 08h30.
-IGP-M (Brasil) – A Fundação Getulio Vargas publicará o Índice Geral de Preços-Mercado de janeiro. Divulgação: 08h00. Anterior: 0,45%.
-Resultado Primário (Brasil) – O Banco Central divulgará o Resultado Nominal do setor público consolidado de dezembro. Divulgação: 09h30. Anterior: -R$70,371 bilhões.
-Índice de Atividade (Estados Unidos) – O Federal Reserve de Dallas publicará a Sondagem Industrial de janeiro. Divulgação: 12h30. Anterior: -18,8 pontos.
-Desemprego (Japão) – O Ministério de Assuntos Internos e Comunicação japonês divulgará a Taxa de Desemprego de dezembro. Divulgação: 23h00. Anterior: 2,5%.
-Produção Industrial (Japão) – O Ministério de Comércio e Indústria japonês divulgará a Produção Industrial de dezembro. Divulgação: 20h50. Anterior: 0,2%.
-Varejo (Japão) – O Ministério de Economia e Indústria japonês divulgará as Vendas no Varejo de dezembro. Divulgação: 20h50. Anterior: -1,1%.
-PMIs (China) – O Escritório Nacional de Estatísticas chinês divulgará os Índices de Gerentes de Compras Geral, de Manufatura e Não-Manufatura de janeiro. Divulgação: 22h30.