Por: Luca Boni e Fabricio Julião
Segue o resumo dos mercados e os principais fatos e notícias que motivaram investidores na manhã desta terça-feira.
IBOVESPA
O Ibovespa arrefecia parte de suas perdas no início desta tarde, em dia de mau humor no exterior, após dados fracos na China aumentarem os temores pela recuperação econômica do país e alimentarem uma maior aversão ao risco globalmente. Os investidores também repercutem balanços positivos, como Itaú Unibanco e Eletrobras, enquanto observam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Por volta das 12h10, o Ibovespa operava em queda de 0,42%, aos 118.874 pontos. O volume de negócios projetado para a sessão é de R$18 bilhões, considerado mediano.
Pela manhã, a ata do Copom destacou que a evolução do cenário de inflação permitiu acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária. No entanto, o documento afirmou que um aumento do ritmo de corte exigiria “surpresas positivas substanciais” em relação à dinâmica desinflacionária.
Segundo o fundador da Gava Investimentos, Ricardo Brasil, a ata deixou claro que novos cortes nas taxas de juros devem acontecer nas próximas reuniões, porém sem aumento no ritmo dos cortes. Isso faz com que o mercado ajuste algumas posições, uma vez que parte do mercado passou a acreditar em uma aceleração nos cortes, para um ritmo de 0,75 ponto percentual.
O Ibovespa também sofre pressão do exterior. Na Ásia, os principais índices fecharam em baixa, após dados de exportações e importações mais fracos do que o esperado na China – o valor total de exportações teve o pior desempenho em um mês desde fevereiro de 2020.
Nesse contexto, a maioria das “blue chips” opera no campo negativo, caso das ON da Vale, da B3 e as PN da Gerdau, que recuam 1,99%, 1,30% e 2,81%, respectivamente. Entre as maiores baixas, destaque para ON da Dexco, da Petz e da Méliuz, que perdem 4,94%, 4,65% e 3,17%, na sequência.
Na ponta oposta, as ON da Eletrobras subiam 1,71%. Ontem, após o encerramento do pregão, a companhia divulgou seu balanço referente ao segundo trimestre, em que registrou um lucro líquido de R$1,6 bilhão, superando o TC Consenso, de R$918 milhões.
As PN do Itaú, também entre os destaques positivos, reverteram as perdas apresentadas no ínicio do pregão e passaram a subir 0,47%, limitando as perdas do Ibovespa. Ontem, o banco registrou lucro recorrente de R$8,74 bilhões, acima do TC Consenso de R$8,57 bilhões.
JUROS
As taxas de contratos dos juros operam em queda nesta terça-feira, com destaque para a leitura dos agentes financeiros sobre a ata do Copom. Segundo especialistas, os membros do BC já têm em mente os rumos da Selic para este ano, com sinalizações de novos cortes na mesma magnitude do que o registrado semana passada.
Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 recuavam 4,0 pontos-base e 7,5 pbs, a 12,45% e 10,47%, respectivamente. Já as taxas dos contratos para jan/27 e jan/31 tinham queda de 10,0 pbs e 5,0 pbs, a 10,01% e 10,77%, na mesma ordem.
“É importante entender o que não foi falado no comunicado. Não há um condicionamento do corte de juros em relação à política fiscal e ao arcabouço. Todo aquele temor fiscal que aparecia nas outras atas, como se o patamar dos juros dependesse de avanços fiscais, não está presente aqui”, afirmou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.
A curva dos DIs também é pressionada em razão da maior aversão ao risco no exterior, devido a novos dados comerciais fracos na China. As exportações e importações no país asiático tiveram queda acima do esperado e aumentaram os receios de recessão no mundo.
Com as expectativas de desaceleração da atividade econômica no mundo, investidores passam a precificar taxas de juros menores. Isso porque a tendência é que os bancos centrais puxem o freio de mão no aperto monetário para não deixarem que uma recessão atinja as economias de seus respectivos países.
“O mercado já tinha expectativa de desaceleração da economia chinesa, mas o conjunto de indicadores do comércio externo preocupa, pois mostra que a economia mundial está dando sinais de fraqueza. Está consolidado, ao meu ver, o cenário de recessão industrial, não de serviços ou total, mas a indústria global já mostra recuo”, diz Gala.
EXTERIOR
As bolsas operavam em queda em Wall Street, com destaque para o setor bancário, após a agência de classificação de risco Moody’s rebaixar a nota de crédito de bancos americanos de pequeno e médio porte. Agentes de mercado também avaliavam novos discursos de membros do Federal Reserve.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,98%, 1,05% e 1,47%, respectivamente. Os Treasury yields de dez anos operavam em queda de 8,1 pontos-base, a 4,014%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – tinham alta de 0,9 pb, a 4,777%.
As ações dos bancos caem em bloco após a Moody’s rebaixar o rating de instituições como o M&T Bank e Pinnacle Financial. A agência de risco também colocou o Bank of NY Mellon e State Street em revisão para um possível rebaixamento.
O ETF de bancos regionais (KRE) recua cerca de 4%, caminhando para registrar seu pior desempenho desde maio. As ações dos grandes bancos negociadas na NYSE, como Bank of America, JP Morgan e Well Fargo cediam mais de 2,50%.
Investidores também acompanharam as falas do presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, que disse que, salvo qualquer mudança abrupta dos dados econômicos recentes, o Fed pode estar no estágio de “manter a taxa de juros”. As informações são da Reuters.
As observações de Harker, que é membro votante do Fed e apoiou o aumento dos juros no mês passado, são talvez as mais fortes de um membro da autoridade até agora sobre a possibilidade de manutenção das taxas de juros na reunião de setembro.
CÂMBIO
O dólar tinha alta ante o real nesta terça-feira, em dia de fortalecimento global da moeda americana. A taxa de câmbio brasileira era pressionada pelo forte recuo das commodities, em resposta aos fracos dados chineses de exportações e importações em julho.
Por volta das 12h10, o dólar à vista subia 0,47%, a R$4,9237, enquanto o dólar futuro avançava 0,48%, a R$4,945.
Investidores buscavam proteção na sessão de hoje, com a aversão ao risco em voga no exterior. Em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover, nenhuma apreciava diante do dólar. O Índice DXY – que mede a variação da moeda americana frente a outros pares fortes e com bastante liquidez – tinha alta de 0,59%.
Além disso, o dólar tem espaço para se valorizar pela redução do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, após o corte de juros por aqui. Isso porque, com a redução da Selic e os sinais de continuidade na flexibilização monetária, o capital estrangeiro é estimulado a deixar o mercado local, considerado mais arriscado, em busca da renda fixa americana.