Verde Asset diz ter sido vítima de fraude em caso Americanas

Gestora chamou o caso de "a maior fraude da história corporativa do Brasil"

Agência Brasil
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Por Artur Horta

A Verde Asset, uma das maiores gestoras do Brasil, comandada por Luis Stuhlberger, informou ter sido uma vítima da Americanas no que chamou de “a maior fraude da história corporativa do Brasil”, referindo-se à descoberta de um rombo de R$20 bilhões que levou a centenária varejista a entrar recuperação judicial.

Em janeiro, o Verde FIC FIM teve perda de 14 pontos-base na cota, com a posição em debêntures da Americanas marcada em torno de 13% do valor de face, segundo carta enviada aos cotistas na tarde desta segunda-feira.

“Fomos vítimas de uma fraude”, informou a gestora. “Quem investe em crédito sabe que este tipo de risco existe. O processo de diligência bem-feito deveria mitigá-lo, mas nunca é possível escapar totalmente do risco da fraude”, acrescentou.

“Beira o inacreditável que somente 23 dias após o fato relevante, que alguém da companhia, seja na área financeira, seja na alta gestão, tenha sido afastado. Temos a maior fraude da história corporativa do Brasil, um buraco de mais de R$20 bilhões, e a gestão financeira da companhia continuou sendo feita pelas mesmas pessoas durante todo o período seguinte”, diz um trecho da carta.

Para a Verde, os únicos ganhadores do processo de recuperação judicial serão os advogados envolvidos e, quanto mais tempo levar, menor é a chance de alguma recuperação relevante para a varejista, além de seus funcionários, fornecedores, credores e acionistas.

A gestora de Stuhlberger explicou que nos últimos sete anos desenvolveu uma estratégia focada em crédito “high yield” – que oferece maior rentabilidade em troca de maior risco de inadimplência –, mas que ocasionalmente montava posições em crédito “high grade” – que possui menor risco – quando enxergava algum prêmio em relação aos pares, como era o caso da Americanas antes da divulgação das inconsistências contábeis em 11 de janeiro.

“Estávamos falando de uma companhia com longo histórico, controlada por três acionistas considerados (até então) os melhores gestores de negócios do país, e com balanços auditados por uma das principais empresas do setor”, disse a Verde.

Sobre o trio de acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, a Verde avaliou que, diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude ou preservar sua reputação, os bilionários têm “ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”