Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) mostram queda no lucro, mas só uma é a favorita

Um dos papéis possui recomendação de venda. Saiba qual

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Por Bruno Andrade

As ações da Usiminas (USIM5) caÍam 4,14%, a R$ 7,13, por volta das 14h08min desta sexta-feira (28). A queda acontece após a empresa ter divulgado um lucro líquido R$ 287 milhões, queda de 73%.

Além da Usiminas, as ações da Vale (VALE3) também recuavam após a divulgação dos resultados. Os ativos caíam 2,91%, e eram cotados a R$ 68,37. A companhia reportou um lucro líquido de US$ 892 milhões no segundo trimestre, baixa de 78%.

De acordo com Milena Araújo, estrategista de investimentos da Nexgen Capital, a baixa do lucro das duas empresas está diretamente ligada a queda do preço do minério de ferro e do aço no mercado internacional.

“As duas empresas exportam commodities para a China e, como o país está com uma política com menos estímulos para a construção, a venda do produto para o parceiro comercial caiu”, disse.

Outro ponto é que o país asiático é um dos maiores consumidores de minério de ferro. Com a procura do material em queda, o preço da commodity também recuou no mercado internacional. Somente entre os dias 19 de abril e 26 de maio, o contrato do minério de ferro com vencimento para setembro (DCIOU3) caiu 36%, indo de 905,50 yuans para 665,5 yuans.

Vale é sólida para superar a turbulência

Mesmo com essa dificuldade setorial, os analistas comentam que ainda há uma ação que pode surpreender o investidor até o final do ano, e esse papel é a Vale.

Para Vinicius Steniski, analista de ações do TC Matrix, o papel da Vale pode subir 27,8% até o final de 2023. O especialista calcula um preço-alvo de R$ 90 para o ativo.

“Vejo essa possível valorização, pois enxergo que a Vale é uma empresa com forte geração de caixa, baixa necessidade de reinvestimento e grande potencial de distribuição de dividendos. A companhia também possui uma estrutura de capital sólida”, disse Steniski.

O analista do TC não foi o único. Os especialistas do Santander também mantiveram sua recomendação de outperform (equivalente à compra) para as ações do Vale. Em relatório assinado por Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, o banco comentou que a empresa apresentou resultados sólidos.

“Um dos principais destaques foi que a Vale realizou vendas superiores ao esperado, com a tonelada do minério de ferro sendo vendida a US$ 98,5, ante expectativa de apenas US$ 97 por tonelada”, disseram Barcellos e Biscuola.

Já a Ativa Investimentos é a única que tem uma visão um pouco mais cautelosa. Para Ilan Arbetman, a Vale apresentou um resultado muito abaixo da expectativa, e a questão do preço do minério de ferro não deve se resolver tão cedo.

“Seguimos céticos com a dinâmica dos preços de minério de ferro e acreditando que o mercado absorverá a elevação das expectativas referentes a custos durante o ano, seguiremos neutros em Vale”, explicou.

Todavia, pelos cálculos da Ativa, a ação da Vale ainda pode subir 30,6% na comparação com fechamento do mercado na quinta-feira (27). Arbetman estima um preço-alvo de R$ 92 para o papel.

Usiminas tem recomendação de venda

Se a casa de análise mais cautelosa tem recomendação neutra para Vale, para a Usiminas a recomendação é de venda. Segundo Ilan Arbetman, a empresa terá um segundo semestre muito complicado. O fato de o analista esperar que o minério e o aço não se valorizem ao longo desse ano, faz ele acreditar que a empresa terá uma lucratividade menor.

“Essa menor lucratividade acontece em um momento em que a empresa está fazendo a reforma do forno 3 na usina de Ipatinga (MG). Isso resultará em um aumento de sua necessidade de capital de giro, dispêndio de capex e, por conseguinte, em pressões adicionais em seu fluxo de caixa”, explicou Arbetman.

Já o Santander é mais arrojado. Os especialistas do banco acreditam que a ação da Usiminas pode subir 6,8% e encerrar o ano a R$ 8. Eles argumentam que o papel está sendo negociado a múltiplos atrativos, o que faz a recomendação para o papel ficar em neutra.

“Mesmo com múltiplos interessantes, reforçamos que as ações da Usiminas oferecem riscos como preços do aço abaixo do esperado e crescimento econômico menor que o esperado”, concluem Barcellos e Biscuola.