Por Gustavo Boldrini
A Ternium assinou acordo para a compra de cerca de 68,6 milhões de ações da Usiminas detidas pela japonesa Nippon Steel (NSC), com quem assina um acordo de acionistas. O grupo ítalo-argentino pagará R$10,00 por ação ordinária, o que representa um prêmio de 35% em relação ao patamar atual do papel, que fechou o pregão de ontem a R$7,39.
O negócio, que vem após diversas disputas entre os controladores da siderúrgica mineira, ocorre diante do “desafiador ambiente de negócios” em que a companhia está envolvida, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira pela Usiminas.
“NSC e Ternium compartilham o entendimento de que uma liderança mais forte por qualquer dos referidos acionistas se faz necessária para o crescimento ainda maior dos valores corporativos da Usiminas”, afirmou a siderúrgica mineira, citando a preferência pela Ternium devido à “extensa rede de negócios” da companhia na América Latina.
A Ternium comprará 68.667.964 das ações que a NSC atualmente detém na Usiminas, desembolsando cerca de R$686,7 milhões. Após a operação, o grupo ítalo-argentino passará a deter 61,3% das ações vinculadas ao acordo de acionistas assinado com os japoneses e a Previdência Usiminas, que também fazem parte do grupo de controle da companhia, representando 49,5% do total de papéis ordinários da siderúrgica.
Segundo a Usiminas, as partes também concordaram em assinar um novo acordo de acionistas, que prevê que a Ternium poderá indicar a maioria dos membros do conselho de administração, além do diretor-presidente e de outros quatro diretores. A NSC poderá indicar o presidente do conselho e o diretor de Tecnologia e Qualidade da empresa.
O novo acordo prevê ainda que, após dois anos do fechamento da operação, a Ternium tenha o direito de comprar as ações do grupo de controle detidas pela NSC a um preço máximo entre R$10,00 e a média do valor de cotação das ações nos 40 dias anteriores à data do exercício desta opção. O grupo NSC, por sua vez, poderá vender suas ações por R$10,00 quando tiver interesse.
A operação está sujeita a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
As ações preferenciais classe A da Usiminas, papéis mais líquidos da companhia negociados na B3, acumulam perda de 48% nos últimos 12 meses, refletindo a demanda mais fraca por aço ao longo de 2022 com o aumento das taxas de juros pelo mundo, além de custos mais altos de produção devido ao avanço nos preços do carvão.