Por: Artur Horta
A procura por operações de fusões e aquisições e novos investimentos no setor de tecnologia devem ganhar tração no Brasil, após meses de inverno para a indústria de capital de risco (venture capital, na sigla em inglês), à medida que os rumos da economia ficam mais claros e a taxa de juros estende o ritmo de queda, na avaliação do CEO do escritório TDV Advogados, Bruno Tanus.
Em entrevista à Mover, o especialista afirmou haver uma “curva ascendente” no segmento desde o fim do segundo trimestre e que “o caminho está mapeado” para o aquecimento em 2024.
Desde o final do ano passado, o setor de tecnologia sofreu uma grave crise diante da escalada global dos juros, já que muitas empresas do segmento precisam de constante financiamento para inovação e as taxas afetam tanto o custo de capital quanto o apetite de investidores pelo risco. “A taxa de juros muito alta desincentiva qualquer investidor a correr risco”, enfatizou Tanus.
Um levantamento da agência TTR Data apontou que os investimentos em venture capital – modalidade que passou a financiar empresas de tecnologia em estágio inicial nos últimos anos – somaram R$4,2 bilhões no Brasil no acumulado do ano até agosto, queda de 70% na base anual.
Para Tanus, no entanto, toda crise é também uma oportunidade. Segundo ele, as empresas de tecnologia agiram rapidamente, reduzindo quadros de funcionários, cortando custos e investimentos excessivos em marketing, além de formarem parcerias e criarem novas maneiras de captar recursos.
“O mercado teve um amadurecimento muito rápido, pois os ‘players’ estavam à beira da morte”, disse ele, que na TDV assessora M&As, operações de venture capital e private equity em tecnologia e negócios inovadores.
O investidor de venture capital deve ter contato a partir de agora com modelos de negócio mais factíveis e, principalmente, que geram caixa. Segundo Tanus, a procura tem sido maior nos setores de healthtech (saúde) e biotecnologia, edtechs (educação), além de fintechs voltadas a serviços e softwares financeiros.
“Em 2024 devemos ter volumes muito mais expressivos que em 2023. O venture capital vai respirar esse ar de retomada, com as gestoras colocando fundos para fazer investimentos no Brasil. Temos os caminhos mapeados”, acrescentou.