Por Dan Peleschuk
A Rússia relatou combates intensos ao longo da frente no sul e leste da Ucrânia nesta sexta-feira, enquanto Kiev manteve um silêncio estrito sobre seu esperado contra-ataque.
Com praticamente nenhum relatório independente das linhas de frente, é impossível avaliar o grau em que a operação da Ucrânia estava em andamento ou se estava tendo sucesso em penetrar nas defesas russas para expulsar as forças de ocupação.
Espera-se que a contra-ofensiva da Ucrânia envolva milhares de soldados ucranianos treinados e equipados pelo Ocidente. A Rússia, que teve meses para preparar suas linhas defensivas, diz ter resistido aos ataques desde o início da semana. Até agora, Kiev disse que seu esforço principal ainda não começou.
Blogueiros russos pró-guerra relataram intensas batalhas na sexta-feira na frente de Zaporizhzhia, perto da cidade de Orikhiv, em torno do ponto médio da “ponte de terra” que liga a Rússia à península da Crimeia, vista como um dos principais alvos potenciais da Ucrânia.
A Ucrânia geralmente proíbe jornalistas independentes credenciados de reportar em seu lado da linha de frente durante operações ofensivas.
Os primeiros dias da contra-ofensiva foram ofuscados nesta semana por um desastre humanitário após a destruição da barragem de Kakhovka, que retém as águas do rio Dnipro, que corta a Ucrânia.
Milhares de pessoas foram forçadas a sair de casas inundadas na zona de guerra, vastas reservas naturais foram eliminadas e a destruição dos sistemas de irrigação provavelmente prejudicará a agricultura em grande parte do sul da Ucrânia por décadas.
Kiev disse na sexta-feira que interceptou um telefonema provando que as forças russas no controle da barragem a explodiram. Moscou diz que a Ucrânia a sabotou. Os países ocidentais dizem que ainda estão reunindo evidências, mas que a Ucrânia não teria motivos para infligir um desastre tão devastador a si mesma, especialmente no momento em que suas forças estavam mudando para o ataque.
Em seu último relatório do campo de batalha, o Exército russo afirmou ter destruído mais de 21 veículos blindados nas últimas 24 horas. Tais alegações não são verificáveis.
Em seus poucos comentários, a Ucrânia relatou ganhos de território no leste, ao redor da cidade de Bakhmut, que as forças russas capturaram no mês passado, após quase um ano do combate terrestre mais mortal na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Mas Kiev não disse praticamente nada sobre a frente sul, amplamente considerada o foco de seu ataque principal, conforme tenta avançar em direção à costa e cortar o acesso da Rússia à Crimeia.
Em seu discurso noturno em vídeo, feito em um trem após uma visita à zona de inundação no sul, o presidente Volodymyr Zelenskiy agradeceu às tropas ucranianas e repetiu as reivindicações anteriores de sucesso em Bakhmut, mas não deu mais detalhes.
“Nós vemos cada detalhe. Mas não é hora de falar sobre isso hoje”, disse ele.
A vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, descreveu intensos combates no leste, onde disse que as tropas ucranianas impediram ataques russos.
Sobre a frente sul, ela disse apenas que as batalhas continuavam pelo assentamento de Velyka Novosilka e que as tropas russas estavam montando uma “defesa ativa” em Orikhiv.
A Ucrânia tem atacado alvos nas profundezas do território controlado pela Rússia há semanas em preparação para seu avanço. Moscou tem atingido cidades ucranianas com mísseis de cruzeiro e drones.
Nos últimos ataques aéreos, a Ucrânia disse ter derrubado quatro de seis mísseis.
O Ministério do Interior disse que uma pessoa morreu, três ficaram feridas e quatro prédios foram destruídos por destroços. A pasta postou imagens no Telegram de bombeiros cuidando dos destroços fumegantes do que pareciam ser casas residenciais.
A força aérea também disse que dois mísseis de cruzeiro atingiram um objeto civil na região central ucraniana de Cherkasy no início da noite de quinta-feira. O governador regional Ihor Taburets disse que pelo menos oito pessoas ficaram feridas.