São Paulo, 12/07/2024 – A Raízen, do grupo Cosan, está fechando a cessão dos contratos e outorga de um projeto de geração de energia com biomassa de bagaço de cana-de-açúcar para a Suzano, em operação alinhada à busca da empresa de bioenergia por alguns desinvestimentos estratégicos, visando manter o balanço equilibrado em meio a fortes investimentos em expansão, disseram fontes à Mover.
Do lado da Suzano, que se prepara para assumir a outorga e os contratos da usina termelétrica a biomassa Paraguaçu, em São Paulo, o negócio se encaixa dentro de uma estratégia de “aumentar suas receitas decorrentes de energia” e de abastecer suas operações com renováveis, disseram as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
Procuradas, Suzano e Raízen confirmaram a transação, negociada com a unidade Raízen Power, e disseram em nota conjunta à Mover que a negociação “está em processo de análise e aprovações pelos órgãos reguladores competentes”.
A Raízen tem robustos investimentos de R$10,5 bilhões a R$11,5 bilhões projetados para este ano, e a alavancagem da empresa, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA, está em 1,3x, ante uma meta de manter o indicador entre 1,6x e 1,8x.
Em eventos recentes, o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse a jornalistas que a empresa avaliaria potenciais vendas de alguns ativos não estratégicos, ou “reciclagem de ativos”, além de parcerias, a fim de manter o balanço forte em meio a um forte ciclo de investimentos sendo realizados em contexto de juros ainda elevados. Em abril, a empresa fez uma operação nesse sentido, vendendo 31 projetos solares à Élis Energia, do Pátria, por até R$700 milhões.
Na operação com a Suzano, a Raízen está negociando os direitos de construção e exploração e os contratos de venda de energia de um projeto de geração de energia com biomassa de cana em Paraguaçu Paulista (SP), de 30 megawatts. O empreendimento negociou a produção futura em leilão realizado pelo governo em 2021, e precisa estar operacional em 2026. Na época, a Raízen projetou que a unidade demandaria investimento de R$150 milhões.
A Suzano, uma gigante do papel e celulose, é autossuficiente em energia, aproveitando biomassa e resíduos de suas plantas para produzir eletricidade 88% proveniente de fontes renováveis. Em algumas unidades, a empresa gera mais que sua demanda, exportando energia para o sistema.
( LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)