São Paulo, 17/05/2024 – A Raízen está negociando a venda de participação em usinas de geração solar para a Mercedes-Benz, disseram fontes, em operação alinhada aos negócios da Raízen Power, subsidiária que tem fechado diversas transações para fornecer energia limpa a grandes empresas.
O acordo, em modelo conhecido como autoprodução, permitirá que a Mercedes-Benz utilize eletricidade renovável em suas operações, e ajudará a Raízen a levantar recursos para manter sob controle a alavancagem da companhia, de acordo com as fontes, que falaram sob condição de anonimato.
Em teleconferência com jornalistas nesta semana, o CEO da Raízen, Ricardo Mussa, disse que a companhia tem um foco claro em realizar desinvestimentos ou reciclagens de ativos neste ano, para “gerar mais caixa e desalavancar”, em meio a um intenso plano de investimentos para os próximos anos.
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A Raízen encerrou março com alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de 1,3 vezes. O grupo tem um plano de investimento que demandou R$12,6 bilhões no último ano-safra, e projeta mais de R$10,5 bilhões a R$11,5 bilhões neste ano, com foco principalmente na construção de novas usinas de etanol segunda geração (E2G).
No negócio com a Mercedes-Benz, do grupo Daimler Truck, a empresa alemã fará a aquisição de participação societária em usinas solares da Raízen no Rio Grande do Norte que fazem parte do projeto ´Dunamis´, que entrou em operação neste ano e tem cerca de 120 megawatts em capacidade.
Em reuniões recentes com autoridades locais, executivos da Raízen comentaram que o projeto recebeu investimento de cerca de R$550 milhões. Procuradas, Raízen e Mercedes-Benz não comentaram.
SEGMENTO EM ALTA
Nas operações conhecidas no mercado como ´autoprodução´, empresas do setor elétrico vendem participação em ativos de geração para grupos interessados em usar a energia produzida em suas atividades, o que proporciona a elas descontos em encargos cobrados na conta de luz. O interesse de grupos corporativos por essas transações têm sido intenso, dado que elas podem aliar o uso de energia limpa com economias de gastos. A Sabesp, por exemplo, abriu recentemente licitação para viabilizar um projeto solar nesse modelo.
Não foi possível obter de imediato o valor da transação entre Raízen e Mercedez-Benz.
A Mercedes-Benz avalia que a operação é “uma oportunidade de produzir energia sustentável, em linha com seus compromissos ambientais globais”, reduzindo ainda a exposição à variação nos preços no mercado de energia e aproveitando “benefícios decorrentes da autoprodução”, como o desconto em encargos, segundo uma das fontes. Já a Raízen vê “oportunidade comercial de agregar valor a seus negócios e acionistas”.
A operação foi fechada pela Raízen Power, subsidiária que atua no mercado de eletricidade, com mais de 80 mil clientes. Ela já fechou acordos para fornecer energia limpa a grupos incluindo Marisa, Pernambucanas, Smartfit, entre outras.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
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