São Paulo, 08/08/2025 – A Petrobras está revisitando projetos para o próximo Plano Estratégico 2026-2030 e adotando premissas mais conservadoras devido à queda dos preços do petróleo, cenário que já deve afetar também a distribuição de proventos neste ano, disseram diretores da estatal em videoconferência nesta sexta-feira.
“O dividendo ordinário vai ficar no mesmo patamar, não temos discussões sobre mudança. O extraordinário, com uma renda menor, por certo teríamos mais dificuldade de fazer pagamento, embora gostaríamos muito… mas vislumbramos baixa probabilidade neste ano”, disse o diretor financeiro, Fernando Melgarejo.
As discussões sobre o próximo Plano Estratégico, que deve ser aprovado até o fim do ano, estão sendo feitas à luz do atual nível de preço do petróleo Brent e das incertezas no mercado, disse a CEO da Petrobras, Magda Chambriard.
“Temos projetos progredindo, avançando de fase, entrando no portão zero, no 1, 2, 3, e no 4 quando está pronto, e maduro. E alguns que estavam previstos para migrar de fase, de 3 para 4, quando você olha sob o novo patamar de preço, voltaram para o portão 2, para serem otimizados, exatamente por conta do preço do petróleo”, explicou a CEO.
“O preço do petróleo é uma variável que não está sob nosso controle, mas a mitigação está, sim. Estamos respondendo com aumento de produção, velocidade de entrada de nova produção, e com um olhar muito grande para redução de custos”, disse Chambriard, ao admitir um “cenário desafiador”.
“Estamos analisando todas as possibilidades de simplificação, otimização de projetos, e de redução de custos e ganhos de eficiência”, acrescentou.
DISTRIBUIÇÃO, GLP
Questionada sobre aprovação, pela Petrobras, de diretriz de retorno ao setor de distribuição de combustíveis, divulgada ontem à noite, Chambriard defendeu que a estatal “nasceu integrada” e “se tornou o que é porque era uma empresa da boca do poço ao posto”.
“O que estamos olhando com isso é a possibilidade de sinergias”, explicou a CEO, sobre a divulgação da véspera, que cita possível foco da empresa em distribuição de botijões de gás, ou GLP.
Segundo Chambriard, a Petrobras tem perspectivas de forte aumento da produção de gás liquefeito (GLP) nos próximos anos, e precisa buscar mercado para esse produto.
O anúncio sobre volta aos combustíveis veio após comentários recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que reclamou que não teria um veículo para viabilizar mais facilmente um programa de distribuição de botijões gratuitos em discussão no governo, devido à privatização da BR Distribuidora e da Liquigás pela Petrobras em anos recentes.
“O que fizemos foi dizer que temos um produto aqui que vai ter produção crescente; se for bom negócio, se isso for lucrativo e tiver uma atratividade adequada, por que não exercer mais essa sinergia?”, questionou a CEO da Petrobras, após perguntas de analistas sobre os planos.
“Não temos nada agora em vista, não tem nenhum projeto de aquisição de GLP no momento na carteira. Mas garantimos que as portas estivessem abertas para uma eventual possibilidade”.
O diretor financeiro, Melgarejo, disse que não está em discussão descumprimento de nenhuma cláusula de não-competição de acordo assinado quando da época de venda da BR Distribuidora pela estatal, hoje Vibra Energia. “Vamos cumprir até o final”, disse, sem detalhar.