Por Luciano Costa, com colaboração de Juliana Machado
A Petrobras (PETR4) poderá pagar dividendos extraordinários, mesmo após as mudanças recém-anunciadas na política de proventos, projetaram analistas do Bradesco BBI em relatório divulgado nesta segunda-feira (31), apostando que os acionistas poderão obter rendimentos de 12% a 24% com as distribuições referentes aos resultados de 2023.
Por volta de 14h54, as ações da Petrobras estavam entre as maiores altas da bolsa. As ON avançavam 4,90%, a R$34,69, enquanto as PN subiam 4,27%, a R$31,03, com bancos de investimento destacando a redução nos riscos para a empresa após a oficialização da nova prática de proventos, na sexta-feira. O Ibovespa subia 1,42%, aos 121,8 mil pontos.
“Embora a certeza em relação à faixa superior seja menor, ainda assim vemos isso como muito atraente”, escreveu o time do BBI, liderado por Vicente Falanga, destacando que em geral gostou das mudanças anunciadas.
“Talvez a reação das ações hoje seja branda, mas conforme o tempo passa e o governo não mostra nenhuma intenção de criar uma reserva estatutária e não há grandes provisões no horizonte, o cenário para um rendimento de 24% começa a se tornar mais tangível e acreditamos que as ações podem se valorizar fortemente”, projetou o BBI, embora mantendo a recomendação “neutra” para a companhia.
Pelas contas dos analistas, a Petrobras poderia distribuir US$2,8 bilhões em dividendos referentes ao segundo trimestre com a nova política, de US$4,4 bilhões projetados antes. “A diferença de US$1,6 bilhão deve ser paga apenas no ano que vem, após a divulgação dos resultados do 4T23, provavelmente em fevereiro ou março”.
Os dividendos extraordinários, no entanto, poderiam ficar prejudicados se a Petrobras receber ordem do governo para criar uma reserva de lucros, ou se a companhia registrar grandes provisões ou baixas contábeis, acrescentaram.
O gestor de um grande fundo de ações que está posicionado em Petrobras disse à Mover que também aposta em um “provável pagamento de dividendos extraordinários no fim do ano”, que, segundo ele, não entrou no radar de todo o mercado. “A empresa vai continuar gerando caixa acima dessa política, e não vai ter o que fazer com o dinheiro”, afirmou.
Em média, petroleiras globais comparáveis à Petrobras têm distribuído cerca de 10% do caixa livre em dividendos, segundo o BBI.