Por: Luciano Costa
A Petrobras divulgará em 1 de março seus resultados do quarto trimestre de 2022, que devem recuar na base sequencial, segundo projeções compiladas pela Mover, devido à redução dos preços internacionais do petróleo. O foco de analistas, porém, estará em outra linha do balanço, de olho no pagamento – ou não – de dividendos.
Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e as mudanças sinalizadas por ele para a Petrobras, há a expectativa geral de que a distribuição de proventos referentes ao último trimestre do ano passado será o último “megadividendo” da maior petroleira da América Latina, ao menos por algum tempo.
Analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA acreditam que a estatal deverá pagar entre US$5 bilhões e US$6 bilhões aos acionistas, incluindo seu controlador, a União Federal, o que pode representar um total de mais de R$30 bilhões. O montante representaria de R$2 a R$2,50 por ação, destacou o Itaú em relatório, embora acrescentando incertezas sobre a decisão, devido ao novo governo.
“A empresa também poderia optar por não pagar nenhum dividendo sobre o resultado desse trimestre”, escreveram os analistas do BBA, ao explicar que as atuais regras distribuição de resultados não são definidas por estatuto, e que os pagamentos já realizados em 2022 seriam suficientes para dizer que a política foi cumprida.
“Todos os olhos estarão nos dividendos… de novo”, escreveu a equipe do BTG, alertando ainda que os investidores não devem se animar demais com eventuais proventos. Eles projetam que a estatal poderia reduzir os dividendos para 25% a 35% dos lucros.
A Petrobras atualmente prevê remuneração mínima anual de US$4 bilhões aos acionistas se o petróleo estiver acima de US$40 por barril. A depender do nível de dívida, os pagamentos podem chegar a 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos, como nos últimos trimestres.
Em relação ao resultado, os analistas veem o lucro operacional ajustado da Petrobras, dado pelo EBITDA recorrente, em US$15 bilhões no quarto trimestre, abaixo dos US$32,4 bilhões do trimestre anterior, e dos US$34,7 bilhões recordes do segundo trimestre de 2022, segundo o consenso calculado pela Mover. Na comparação anual, haveria alta de mais de 30%.
A equipe do Santander, que tem a menor projeção para o EBITDA da Petrobras, de US$12,2 bilhões, informou em relatório que o recuo sequencial deve-se “principalmente à menor média de preços do petróleo e dos combustíveis, além da produção estável da companhia”.
O lucro líquido da Petrobras no período foi estimado em US$10 bilhões pelo BTG, e em US$7,6 bilhões pelo BBA, com o último destacando a queda trimestral de 9% no preço do barril do Brent, referência internacional para o petróleo.
No balanço operacional publicado no início deste mês, a petroleira estatal registrou produção total de 2,65 milhões de barris de óleo equivalente entre outubro e dezembro passados, praticamente estável frente ao trimestre anterior, quando bombeou 2,64 milhões de boed.