Mercados sobem no aguardo do Fed e commodities no radar

No Brasil, destaque fica para o IBC-Br

Facebook/Federal Reserve
Facebook/Federal Reserve

Por: Leandro Tavares

Às vésperas da decisão de política monetária nos Estados Unidos, as bolsas internacionais operam em alta nesta terça-feira, na expectativa de que o Federal Reserve mantenha os juros entre 5,25% e 5,50%. Na zona do euro, a inflação se mostrou mais fraca na leitura final. No Brasil, a expectativa é pela divulgação do Índice de Atividade do Banco Central.

O índice de preço ao consumidor final teve variação de 0,50% na zona do euro em agosto, enquanto o consenso esperava uma alta de 0,60% na base mensal. O núcleo, que desconsidera itens voláteis, como alimento e energia, alcançou 5,30% no mês passado, em linha com a projeção. 

O dado de inflação não deve mudar o entendimento de que o Banco Central Europeu (BCE) está finalizando o ciclo do aperto monetário, embora a presidente Christine Lagarde tenha reiterado na semana passada que novas altas nos juros podem acontecer. 

Na Ásia, os mercados encerraram mistos, no aguardo de decisões de política monetária nos EUA, amanhã, e na China. A taxa prime de cinco anos está em 4,20% ao ano. 

O mercado imobiliário chinês teve um alívio nesta terça, pois a Country Garden e a Sunac obtiveram aprovação dos credores para renegociar as dívidas. 

No caso da Country, os credores toparam estender o pagamento de um último título onshore no valor de US$500 milhões e cupom de 6,15%. Os problemas da companhia estimularam uma série de medidas de apoio por parte do governo chinês, e terá um período de carência de 30 dias para pagar.

Já a Sunac conseguiu a aprovação de seu plano de reestruturação de dívida offshore de US$9 bilhões. No entanto, as ações caíram mais de 7%, após a companhia entrar com pedido de proteção contra credores nos EUA.

Nos EUA, os dados de inflação e o índice de preços ao produtor mistos, divulgados na semana passada, além da disparada recente do petróleo, não mudaram a perspectiva de que o Fed manterá os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% na reunião de amanhã. 

Para a equipe econômica do ABN-Amro, o Fed deve manter a taxa inalterada amanhã, mesmo com a inflação bem acima da meta de 2%, já que o mercado de trabalho registou um abrandamento significativo nos últimos meses, atenuando, assim, o crescimento salarial e, por consequência, reduziu os riscos ascendentes para as perspectivas de inflação a médio prazo. 

Diante de tal cenário, tanto o ABN como o Santander, afirmaram, em relatórios recentes, que o Fed não deve mexer na taxa até março de 2024 e que um novo abrandamento no mercado de trabalho, combinado com o declínio da inflação subjacente, fará com o que o Fed inicie o processo de corte nos juros no primeiro semestre do próximo ano. 

Na agenda do dia, destaque para a construção de novas casas referente a agosto, às 9h30, enquanto às 14h o governo realiza um leilão de Treasuries de 20 anos. Às 17h30, a API divulga os estoques de petróleo da semana encerrada em 15 de setembro.

No Brasil, o Banco Central divulga, às 9h, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de julho, que tem a projeção de um aumento de 0,3% na base mensal, e serve para elaboração da estratégia de política monetária. 

Amanhã, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar a Selic amanhã em 50 pontos-base, passando a taxa de 13,25% para 12,75% ao ano. A melhora recente dos dados de serviços e varejo chegou a animar o mercado por um corte maior, que logo caiu por terra, uma vez que parte dos núcleos ainda mostra dificuldade na recuperação.

Na política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse ontem, em Nova York, onde acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o clima no Congresso é favorável à aprovação de projetos propostos por sua pasta, apesar da resistência de parlamentares à elevação de impostos.

Já o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, que também faz parte da comitiva do presidente Lula, afirmou que a pauta verde está entre as prioridades do Congresso neste segundo semestre, destacando que a regulamentação do mercado de carbono é um tema que deve ser apreciado no curto prazo. 

O presidente Lula participa, a partir das 10h, da abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. 

Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, com os investidores no aguardo do Fed e do Copom. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, de olho nas projeções econômicas no Brasil e à espera das decisões de juros. 

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,12%, 0,15% e 0,16%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,14%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,09% e o britânico FTSE-100 tinha elevação de 0,09%. Entre os setores, destaque para o segmento de seguros, que sobe 1,07%. 

O dólar americano operava estável em comparação aos pares. O DXY rodava aos 105,084 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para o peso mexicano, que cai 0,31%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 1 ponto-base, a 4,317%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong subiu 0,37%, enquanto o Xangai Composto caiu 0,03%. Na volta do feriado, o índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 0,87%. 

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, caiu 0,69%, às 6h00, cotado a US$118,12 por tonelada.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,53%, a US$94,93.

O Bitcoin tinha alta de 1,43% nas últimas 24 horas, a US$27.251,00; o Ethereum subia 0,84% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, em linha com o exterior, diante da expectativa pela decisão de juros aqui e nos EUA, além da alta do petróleo. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência máxima em 128.800 pontos, segundo o BB Investimentos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir volátil, com investidores em compasso de espera por dados locais e decisões de juros. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de volatilidade. Os juros futuros nos EUA operam em alta, à espera da decisão do Fed. 

DESTAQUES

A Orizon voltou a avaliar aquisições de aterros sanitários que poderiam ser concluídas no primeiro semestre de 2024, uma vez que espera terminar o ano com baixa alavancagem, disse o CEO da empresa, Milton Pilão Jr. A companhia de monetização de resíduos também está otimista com a perspectiva de criação de um mercado regulado de carbono no Brasil, que começa a ser discutida pelo Ministério da Fazenda. (Mover)

As negociações entre o United Auto Workers (UAW) e as três montadoras de Detroit continuaram na segunda-feira, enquanto uma greve dos trabalhadores da indústria automobilística continuava pelo quarto dia consecutivo, com poucos sinais em direção a um acordo. Cerca de 12.700 trabalhadores da UAW estão em greve, como parte de uma ação trabalhista, que visa três fábricas de montagem dos EUA. (Reuters)

O presidente do sindicato das indústrias automotivas dos EUA, Shawn Fain, disse que a greve pode ser expandida se nenhum progresso com as montadoras for feito até a próxima sexta-feira. “Ou as três grandes vão direto ao assunto e trabalham conosco para avançar nas negociações, ou mais moradores locais serão chamados a entrar em greve”, disse Fain. (Bloomberg)

O CEO da Tesla, Elon Musk, negou notícia de que a montadora elétrica encontrava-se em rodadas iniciais de tratativas com a Arábia Saudita para construir uma instalação fabril no país. A notícia também veio horas após o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, ter solicitado a Musk que construísse uma planta fabril no país. Musk também se reuniu, nesta segunda, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Califórnia. (Wall Street Journal)

A Instacart, uma companhia de delivery de supermercados, precificou a Oferta Pública Inicial (IPO) em US$30. A companhia, baseada em São Francisco, planeja ofertar 22 milhões de ações Com um IPO a US$30 por ação, a companhia levantaria US$660 milhões com a oferta. (Bloomberg)

O governo federal apresentou nesta segunda-feira os detalhes do novo Programa de Aceleração do Crescimento ao corpo diplomático, visando buscar o apoio de estrangeiros para oportunidades que somam R$1,7 trilhão em investimentos. Em cerimônia realizada no Palácio do Itamaraty, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, explicou que a principal diferença entre o novo PAC e os outros dois programas anteriores é que o atual prevê investimentos por meio de Parcerias Público Privadas (PPPs) e concessões. (Mover)

Debênture de infraestrutura ganha tração e dribla a crise de crédito. No ano, até agosto, as emissões somaram R$21,8 bilhões, e a previsão do mercado é de que alcancem entre R$40 bilhões e R$45 bilhões até o fim de 2023. (Valor)

O Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (CDPED) recomendou o encaminhamento do anteprojeto da lei de privatização da Sabesp ao Governador de São Paulo e a seleção de bancos e demais serviço para uma futura oferta pública no âmbito da operação. (Mover)

Lula defenderá reformas na ONU diante de plateia sem Xi e Putin. Para especialistas, fala será seguida com atenção após declarações alinhadas a Rússia e China e questionamentos à hegemonia do dólar no mercado internacional. (Estadão) 

Governo avalia reajustar servidores com parte de receita extra em 2024. A nova regra fiscal permite expansão de despesas caso haja uma maior arrecadação; ministra da Gestão afirma que ideia é bancar reestruturação de carreiras e benefícios. (Estadão)

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reviu para cima a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e do Brasil, segundo relatório divulgado nesta terça-feira. No caso do Brasil, o crescimento da economia este ano passou de 1,7% para 3,2%, enquanto para o mundo passou de 2,7% para 3%. (Mover)