Por: Luciano Costa
São Paulo, 10/02/2025 – A Petrobras poderia ter evitado a forte queda de suas ações no final de fevereiro, apontou o BTG Pactual em relatório nesta segunda-feira, ao comentar a reação do mercado aos resultados do quarto trimestre da estatal, que vieram abaixo do esperado e com menores dividendos, devido a um surpreendente aumento nos investimentos.
Reiterando a Petrobras como principal escolha entre ações de petróleo, o BTG disse que segue com visão positiva sobre a empresa, e ressaltou que a elevação do CAPEX foi direcionada ao “campo mais lucrativo” da companhia, de Búzios, gerando valor.
“Embora concordemos que acelerar o crescimento da produção em Búzios deve ser positivo para o VPL (valor presente líquido), uma melhor comunicação poderia ter suavizado, significativamente, a reação negativa do mercado”, escreveu o time do BTG, lembrando que a empresa atualizou plano de negócios no fim de novembro sem informar sobre o CAPEX maior.
Depois do balanço do 4T, as ações da Petrobras tiveram o maior recuo em quase um ano, com as PN tombando 5,56% e chegando a despencar 9% na mínima do dia.
“Dado que a maioria das preocupações históricas do mercado em torno da Petrobras são relacionadas a capex, uma reação negativa no primeiro momento era esperada”, disse o BTG, citando “traumas” de investidores com a Petrobras na década passada, quando a empresa elevou investimentos sem gerar retornos, perdendo dinheiro em projetos como a refinaria Abreu e Lima.
Agora, no entanto, a Petrobras tem mecanismos de defesa da governança corporativa que evitam uma mudança de 180 graus no plano de negócios, acrecentou o BTG. A Petrobras disse que antecipou pagamentos a fornecedores para garantir entregas de plataformas sem atrasos.
“Embora acelerar os gastos provavelmente fosse desnecessário para alinhar melhor os interesses
dos contratados (a Petrobras já é uma das maiores compradoras de FPSO do mundo), achamos que o capital não está sendo mal alocado”, escreveu o BTG.
DIVIDENDOS SUSTENTAM TESE
O aumento inesperado dos investimentos da Petrobras no quarto trimestre acabou gerando uma distribuição de dividendos “mais fraca que o esperado”, mas o BTG avalia que a empresa seguirá pagando “um nível decente de retorno total para o acionista, o que mais do que compensa os riscos da tese”.
O BTG ainda vê a Petrobras distribuindo US$ 11 bilhões em dividendos neste ano, ou US$10 bilhões excluindo pagamentos extraordinários, implicando rendimentos de 14% e 12%, respectivamente. Em 2026, o rendimento de dividendos se expandiria ainda mais para 16%, ou 14% com extraordinários.
As projeções do BTG levam em consideração um capex para 2025 de US$16,65 bilhões, ou US$12,75 bilhões excluindo arrendamentos, com pretróleo do Brent a US$70 por barril.
O banco manteve recomendação de ´compra´ para as ações da Petrobras, com preço-alvo em R$58. Ontem, PETR4 encerrou a R$34,63.