Por Bruno Andrade
O conselho de administração da Light (LIGT3) elegeu Rodrigo Ribeiro Pereira Brandão para o cargo de diretor da companhia e de presidente da Light SESA, mostra documento enviado ao mercado na noite desta terça-feira (20). Pereira Brandão ficará no lugar de Thiago Freire Guth, que renunciou no final da semana passada.
Guth não estará mais no cargo em 1º. O novo diretor deve o assumir os cargos em 20 de julho de 2023. Entre os dias de vacância, de 1º a 19 de julho, r. Carlos Vinicius de Sá Roriz ocupará interinamente o cardo de presidente da Light SESA.
Rodrigo Ribeiro Pereira Bradão possui passagem por empresas de energia elétrica, telecomunicação e saneamento básico, tendo ocupado posições de liderança em grandes empresas do setor elétrico.
“Nos últimos 5 anos atuou como Diretor Executivo em companhia relevante nacional de saneamento, liderando a área comercial, operação, segurança do trabalho, qualidade do produto e meio ambiente”, disse a empresa.
A empresa também afirmou que a gestora WNT fez um pedido para deliberar a eleição de novos membros do conselho de administração. A gestora é a principal acionista da empresa e tem relação direta com Nelson Tanure.
A gestora indicou para o cargo de conselheiros os seguintes nomes: Helio Calixto da Costa, Firmino Ferreira Sampaio Neto, Nelson Sequeiros Rodriguez Tanure, Pedro de Moraes Borba, Wendell Alexandre Paes de Andrade de Oliveira, Abel Alves Rochinha, Helio Paulo Ferraz, Yuiti Matsuo Lopes e Raphael Manhães Martins.
A Light (LIGT3) não vive um bom momento. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial em maio após reconhecer dificuldades para quitar dívidas de R$ 11 bilhões.
A situação ficou ainda pior quando Guth renunciou ao cargo. Várias casas da análises ficaram mais receosas com a empresa. O temor foi tanto que nenhum dos analistas recomendou comprar as ações da empresa, visto que a situação da Light é muito complicada.
Para Arlindo Souza, analista de ações do TC Matrix, a própria saída de Guth mostra o quão complexa é situação da empresa. “O principal desafio é em relação às regras da renovação da concessão de distribuição de energia elétrica no Rio de Janeiro, visto que as regras atuais são desvantajosas para a elétrica”, disse Souza.
Segundo a própria Light, a empresa registra em média um furto de 53,98% de toda a energia que distribui. Ou seja, a elétrica é obrigada a absorver 35,28% de furtos e pode repassar para os clientes pagantes apenas os 18,7% restantes. Esse foi o principal motivo para a empresa entrar em recuperação judicial.
Segundo Eduardo Siqueira, analista da Guide Investimentos, a única forma da renovação da concessão ser atrativa para a empresa é se o governo fizesse um forte reajuste no valor da conta de energia. “Sem essa opção a situação da Light fica impraticável e difícil de se salvar”, afirmou.
Light respira por aparelhos e está sem previsão para sair da UTI
Por isso, os analistas continuam receosos. Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, deixou de recomendar o papel justamente por não acreditar muito em uma solução para o negócio.
“A situação ficou pior ainda porque os credores não aceitaram o acordo inicial para a empresa dar continuidade no plano recuperação judicial. Esse falta de acordo inclusive pode ser um dos fatores para a saída de Guth, visto que a Light SESA é a responsável pela maior parte da dívida de R$ 11 bilhões”, afirmou Arbetman.
Siqueira também ressaltou que esse acordo com credores só deve sair quando eles aceitarem que terão algumas perdas e que só receberão uma parte do dinheiro devido pela companhia. “Dadas as especulações, o que sabemos é que a situação de endividamento da companhia é alarmante e provavelmente um credor terá que aceitar a perda em relação ao principal investido. No entanto, o nível desse desconto só será visível conforme as negociações avançam”, explicou o analista.
Por fim, Ricardo Schweitzer, analista independente, argumentou que uma eventual manobra de ressuscitação da Light neste momento apenas a mantém viva, mas não resolve suas moléstias discutidas anteriormente. “A empresa tem uma série de problemas estruturais, que não são solucionáveis com a pura e simples injeção de dinheiro. O buraco é bem mais embaixo”, concluiu.
Veja o documento: