Por Bruno Andrade
A JBS (JBSS3) fará o processo de dupla listagem e passará a ter ações no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA), mostra documento enviado ao mercado nesta quarta-feira (12).
A intenção da companhia é gerar valor para o acionista com o aumento do valor de mercado, que hoje são negociadas a múltiplos abaixo da rival Tyson Foods e Pilgrim’s Pride, que é controlada pela própria JBS.
A JBS está mais confiante sobre a aprovação da proposta, visto que o BNDES reduziu a sua participação na empresa para 28,8%, enquanto a família Batista está com 48,8% dos papéis da companhia. O restante do capital social está em livre circulação no mercado.
A proposta será avaliada na assembleia geral dos acionistas em 30 dias.
“Esta proposta aumentará a transparência e fortalecerá nossa governança, atrairá uma base mais ampla de investidores com maior capacidade financeira e aumentará nossa flexibilidade de emissão de ações para financiar oportunidades de crescimento e desalavancagem, além de reduzir nosso custo de capital, permitindo que a empresa concorra em pé de igualdade com seus pares globais”, afirmou Guilherme Cavalcanti, CFO global da JBS.
O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou que a operação, longamente aguardada pelo mercado, tem o mesmo “potencial transformacional” de quando o grupo abriu capital, em 2007, “que permitiu à companhia fazer um crescimento e se tornar a maior empresa de proteínas do mundo”.
Ele ressaltou que a dupla listagem não é uma oferta de ações (IPO) nos EUA, como foi cogitado no passado.
Para o CEO, a empresa terá aumentada a flexibilidade para acelerar sua estratégia de crescimento, que inclui ampliar sua participação no mercado de salmão, crescer na Europa, expandir a diversificação e a oferta de produtos de valor agregado e marcas.
Com a listagem dupla e uma maior base de investidores, a JBS poderá ter o “equity” como fonte de atração de capital. Segundo o CEO, uma eventual nova oferta de ações ocorreria sem grande diluição de valor para os acionistas, já que se espera que os papéis da companhia se valorizem ao longo do tempo.
“Pode fazer uma aquisição transformacional, porque tem um mercado que vai permitir. Se for o caso, fazer um ‘follow-on’ (oferta subsequente de ações) lá na frente. Não tem nada planejado, mas obviamente essa estrutura permite que a gente possa fazer”, afirmou.
“Aí as ações vão estar valorizadas, acreditamos, e vai fazer uma emissão, vai diluir muito menos os investidores”, disse Tomazoni.
Neste caso, a empresa ainda teria acesso a uma base de investidores muito maior, uma vez que muitos só podem fazer aquisições de ações de empresas listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).
“Isso permite que a companhia possa fazer movimentos estratégicos… sem aumentar o seu endividamento”, disse o CEO, lembrando que o fato de não estar listado nos EUA aumenta seu custo de capital em relação a concorrentes.
A proposta de listagem dupla ainda tem que ser submetida à assembleia geral extraordinária, sem data para ocorrer.
Mas executivos da JBS acreditam que as novas ações da empresa poderão estar sendo negociadas em dezembro deste ano em Nova York, se tudo correr conforme o programado.
A JBS terá Brazilian Depositary Recipts (BDRs) Nível II negociados na bolsa B3, lastreados nas ações Classe A listadas na NYSE. A operação também prevê que investidores poderão optar por deter ações classe B, que não serão negociadas nas bolsas, mas terão maior poder de voto.
Segundo Tomazoni, a transação dá direitos políticos igualitários aos acionistas, controladores ou minoritários, e todos poderão converter suas ações pelas regras colocadas.
A estrutura operacional da JBS será mantida, e São Paulo continuará sendo a sede da companhia, a despeito de a maior parte do faturamento ter origem nos EUA.
(Com Reuters)