Por: Artur Horta
Os preços da celulose de fibra curta tocaram o menor patamar em dois anos nesta sexta-feira, em meio à expectativa de sobreoferta da commodity em descompasso com uma demanda mais fraca, o que levou analistas do Itaú BBA a reduzirem projeções para a Suzano (SUZB3), líder no setor.
O preço da celulose de fibra curta na China (BHKP) encerrou a semana a US$503,57 por tonelada, de acordo com levantamento do BTG Pactual. A cotação é a menor desde abril de 2021. Já a celulose de fibra longa (NBSK) atingiu o menor patamar desde meados do primeiro semestre do ano passado, a US$709,29 por tonelada.
O atual nível de preços já estaria abaixo do custo marginal de produção da fibra curta, estimado por consultorias globais entre US$560 e US$600 por tonelada. A partir desse ponto, é possível que algumas empresas reduzam o tamanho das operações, já que elas deixam de ser rentáveis.
Ontem, a Suzano divulgou o balanço do primeiro trimestre com recuo nas linhas de faturamento e lucro operacional, quando comparados ao final do ano passado.
“O contexto macroeconômico e os fundamentos do mercado de celulose mais desafiadores pressionaram a receita do trimestre. A queda do preço e dos volumes vendidos de celulose em relação ao trimestre anterior resultaram na redução do EBITDA ajustado neste segmento, na comparação com o quarto trimestre de 2022”, disse a companhia.
Maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e uma das principais fornecedoras da fibra curta, a Suzano atribuiu a queda de preços da commodity à expectativa de uma maior oferta neste ano.
“Ainda que o volume oriundo dos novos projetos na América do Sul não estivesse fisicamente disponível nos mercados finais, a perspectiva de sua disponibilidade no curto prazo impactou o ambiente de negócios, sobretudo na China”, ressaltou.
Em entrevista recente à Mover, o analista do Itaú BBA Daniel Sasson disse que há uma expectativa de aumento de 3 milhões de toneladas na capacidade de produção de celulose de fibra curta até 2024, enquanto o consumo deve crescer de 1,0 milhão a 1,5 milhão de toneladas, em linha com a média histórica.
A própria Suzano está investindo no projeto Cerrado, tendo anunciado ontem um aumento na previsão de investimentos no ativo.
Analistas do Itaú BBA disseram em relatório hoje que a correção de preços na celulose deve reduzir o EBITDA esperaro para a companhia em 2023 para R$18,9 bilhões, de R$ 24,5 bilhões anteriormente. Considerando também a revisão de orçamento de Cerrado, a equipe do banco cortou o preço-alvo das ações da companhia para R$51,00 por ação, de R$62,00 antes, embora mantendo recomendação de ‘compra’.
As ações ordinárias da Suzano e as units da Klabin caem, respectivamente, 22,42% e 8,48% no acumulado do ano. A Klabin divulgará resultados do primeiro trimestre em 3 de maio.