São Paulo, 07/08/2025 A Copel pretende viabilizar bilhões de reais em investimentos para expansão de suas hidrelétricas nos próximos anos, por meio de leilões que o governo deve promover para reforçar a segurança do sistema elétrico, disse um vice-presidente da companhia, Diogo Mac Cord, ao Faria Lima Journal, nesta quinta-feira (7).
O Ministério de Minas e Energia chegou a agendar para junho uma licitação que contrataria projetos de termelétricas e usinas hídricas com esse objetivo, mas esta foi suspensa após questionamentos judiciais e deve ser reagendada em breve, agora para 2026, com novas licitações similares previstas nos próximos anos.
Estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam riscos crescentes de falta de potência para atendimento à carga no pico de demanda do fim da tarde e começo da noite, quando a geração solar desaparece. Se o governo não correr com o leilão, “vai ter blecaute a partir de 2029”, disse Mac Cord.
Na licitação agendada antes, empreendedores teriam cinco anos para começar a entregar energia em caso de projetos hídricos. Mas segundo Mac Cord, como são expansões de usinas existentes, as obras podem ser feitas mais rapidamente, em três anos, reduzindo riscos. Ele também vê a fonte hídrica competitiva porque não envolve custo de combustíveis para operação, e porque hoje faltariam turbinas termelétricas para pronta entrega no mercado internacional, em meio à forte demanda global.
“Para leilão de capacidade, temos 2 gigawatts que conseguiríamos entregar muito rapidamente…é o principal vetor de expansão em que estamos acreditando (no curto prazo)”, explicou o vice-presidente de Estratégia e Novos Negócios da Copel. Ele falou ao FLJ nos bastidores de evento do escritório Lefosse Advogados, em São Paulo, o Lefosse Energy Day.
A Copel teria espaço para colocar máquinas adicionais nas hidrelétricas Foz do Areia, a maior da empresa, e Segredo, caso vencesse a licitação. Companhias como Eletrobras, Engie e Auren também avaliam disputar com projetos hídricos nesses leilões, enquanto Eneva e Petrobras têm termelétricas prontas para concorrer.
“Estamos falando de alguns bilhões de reais (em potenciais investimentos)”, disse Mac Cord, sobre a ambição da Copel para os leilões.
RISCOS
O consultor Edvaldo Santana, ex-diretor da Aneel, alerta que os estudos do ONS apontam para 12% de riscos de faltar potência no sistema elétrico em 2026, quando o limite aceitável seria 5%. O índice passa para 43%, 73% e 92% em 2027, 2028 e 2029. “São números jamais imaginados, nem nas piores crises. É quase a certeza de que haverá apagões”, afirmou, ao jornal O Globo, ao comentar demora do governo para realizar leilões.
Analistas de bancos de investimentos, como o Itaú BBA, têm colocado as licitações em que o governo buscará reforçar o sistema e evitar esses riscos de blecaute como um potencial gatilho de valor para os geradores, principalmente Copel, Eneva e Eletrobras.
Nos bastidores, fontes comentam que, quanto mais o governo demora para agendar a licitação, mais aumenta o poder de barganha dos geradores para os leilões, dada a necessidade já vista como urgente do aumento da capacidade de potência do sistema.
“Está vindo um trem em nossa direção”, disse Mac Cord, da Copel, ao falar dos riscos crescentes. Em participação recente na TC News, o consultor Adriano Pires, comentou a situação. “O mercado inteiro está nervoso porque o governo não marca o leilão de capacidade. O último que aconteceu foi em 2021. Ele é fundamental, essencial para a segurança energética no Brasil”, afirmou.