Eletrobras (ELET3) não negocia acordo com governo sobre ação no STF, mas pode avaliar alternativas, diz CEO

Governo Lula levou privatização da empresa à Justiça

Agência Brasil
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Por Luciano Costa

A Eletrobras (ELET3) não negocia nenhum acordo com o governo em troca da retirada de ação judicial em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) questiona as regras da privatização da companhia, mas tratativas nesse sentido não são descartadas, disse nesta quarta-feira o presidente elétrica, Wilson Ferreira Jr.

Nas últimas semanas, houve especulações na mídia de que o Ministério de Minas e Energia poderia propor algum acerto com a elétrica para encerrar a disputa legal, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a CNN Brasil, uma ideia seria que, para isso, a Eletrobras poderia antecipar um fluxo de recursos que deveria direcionar gradualmente até 2047 para aliviar encargos nas tarifas de energia.

Pelo cronograma previsto na desestatização, a Eletrobras precisaria direcionar R$10,9 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até 2047, sendo R$1,1 bilhão em 2024 e R$1,7 bilhão em 2025, com os valores crescendo acima de R$2 bilhões em 2026 e 2027, antes de recuarem novamente, segundo cálculos da Genial Investimentos.

“Não existe um acordo sendo feito com base nessa alternativa”, disse Ferreira em coletiva de imprensa hoje, acrescentando que a empresa entende que o atual nível das contas de luz é uma preocupação importante do governo e que esse tema chegou a ser tratado em reuniões com representantes de Brasília, nas quais se discutiram possibilidades para enfrentar os aumentos tarifários.

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“Uma das alternativas colocadas logo no começo seria uma antecipação desse fluxo, com alguma taxa de desconto. Na época tínhamos limitações, o sistema financeiro estava muito fechado. Mas mantemos isso como uma avaliação permanente. Em algum momento, se for de interesse do governo, poderia ter algum tipo de tratativa”, explicou.

Os analistas Vitor Sousa e Israel Rodrigues, da Genial, avaliam que um eventual acordo com o governo poderia gerar valor para os acionistas da Eletrobras, a depender da taxa de desconto utilizada para trazer os fluxos financeiros a valor presente.

“Em nossa leitura tal evento teria a possibilidade de matar dois coelhos em apenas uma cajadada”, escreveram, ao apontar que o acerto geraria “redução de risco político” em relação à tese de investimento nas ações da companhia.