São Paulo, 16/1/2025 – O conglomerado Cosan, do empresário Rubens Ometto, realizou hoje a venda de sua participação societária na mineradora Vale, em operação em bloco (block trade) na bolsa brasileira.
“Foram alienadas 173.073.795 ações de emissão da Vale de propriedade da companhia, representativas de uma participação do capital social votante da Vale de aproximadamente 4,05%”, afirmou a Cosan, em fato relevante ao fim da manhã.
Mais cedo, as ações da Cosan chegaram a saltar mais de 8% na máxima da sessão, depois que o Valor Econômico antecipou sobre a movimentação da Cosan, citando informações de fontes.
Os papéis da Vale abriram em queda de 0,25% após o leilão, mas pouco depois, por volta de 11h52, subiam 0,51%, a R$52,87.
Em comunicado, a Cosan disse que “a decisão da companhia se baseou exclusivamente no objetivo de otimizar sua estrutura de capital”.
Em declarações à Reuters, Ometto disse que “a Vale é um ativo extraordinário, mas o patamar de juros atual obriga a empresa a reduzir a alavancagem”.
A Cosan, uma holding que começou no agronegócio e expandiu para logística, energia e gás, decidiu investir na Vale em meados de 2022, quando adquiriu uma participação de 4,9% na mineradora.
Mas a companhia vinha sendo pressionada por investidores a reduzir o endividamento, diante da recente mudança de cenário macroeconômico no Brasil, que passou de uma trajetória de alívio monetário para novo ciclo de elevação da Selic, com parte do mercado vendo novas reduções somente a partir do segundo trimestre de 2026.
O endividamento bruto da Cosan encerrou o terceiro trimestre em R$85,3 bilhões, alta de 13% na comparação anual, representando uma alavancagem financeira de 2,9 vezes.
Apesar da pressão, havia dúvidas sobre se a Cosan sairia da Vale neste momento, devido ao patamar das ações, inferior ao de quando fez o investimento na companhia.
Além da pressão da dívida, a Cosan não conseguiu implementar uma agenda que estava por trás do aporte na Vale– segundo fontes, o grupo de Ometto queria influenciar mais na empresa, e chegou a tentar indicar um nome, de Luis Henrique Guimarães, para a presidência da mineradora. Ele também queria explorar sinergias entre operações da Vale e negócios da Cosan, segundo as fontes.
Mas a sucessão de comando na Vale foi tumultuada, com diversos veículos de mídia reportando tentativas do governo Lula de influenciar na escolha, e conselheiros renunciando durante o processo. No final, a empresa elegeu um nome interno, do até então diretor financeiro, Gustavo Pimenta, para assumir o comando.
Nos últimos meses, em meio à retomada da elevação de juros pelo Banco Central, Ometto fez críticas públicas à condução do governo, pedindo mudanças no rumo da política econômica e monetária, e atacando falta de vontade de petistas em cortar despesas, após frustração com o pacote de redução de gastos prometido pela gestão Lla.