Por Reuters
A Copersucar, líder mundial na comercialização de açúcar e etanol, proteja elevar em 27% as vendas do adoçante na temporada 2023/24 (abril/março), contando com salto na moagem de cana-de-açúcar diante da recuperação da safra e com a maior destinação da matéria-prima para a fabricação da commodity, que tem preços mais remuneradores que o etanol.
Segundo o presidente da empresa, Tomás Caetano Manzano, o crescimento na comercialização será impulsionado pelos negócios da Alvean, subsidiária de comercialização de açúcar, que deverá vender 12 milhões de toneladas em 23/24, versus 9 milhões no ciclo passado, enquanto a Copersucar manteria o volume de 2 milhões de toneladas no mercado interno brasileiro.
“Este ano (2022/23) especificamente, priorizamos mais margens. Ano que vem (2023/24) deve voltar para patamar de 12 milhões de toneladas (a Alvean), estaria falando de patamar de 14 milhões de toneladas (ao todo)”, disse ele, em referência ao volume total originado pela Alvean em vários país, incluindo Brasil, e o da Copersucar.
Ele disse que as usinas brasileiras estão destinando o máximo de cana que podem na safra atual para a produção de açúcar, considerando os preços do açúcar bruto na bolsa ICE próximos de máximas de quase 12 anos, alcançadas ao final de abril. Na temporada passada, o valor do adoçante em dólar, convertido em reais, foi recorde, destacou.
Manzano afirmou que a moagem das 37 usinas cooperadas da Copersucar deve ficar em cerca de 105 milhões de toneladas de cana na safra 2023/24, crescimento de 18% ante o ciclo passado.
“Devemos ultrapassar os três dígitos de produção no conjunto de cooperados”, afirmou ele, em conferência com jornalistas, nesta terça-feira, para comentar os resultados da safra passada, quando a Copersucar teve o segundo maior lucro da história.
A moagem das usinas cooperadas da Copersucar deverá aumentar mais do que a safra total do centro-sul, estimada em 595 milhões de toneladas, o que seria um crescimento próximo de 10%. “Este número leva o centro-sul do Brasil para quase a capacidade plena de produção de açúcar de 38 milhões de toneladas”, ressaltou.
Manzano comentou que a “solução” para ampliar a capacidade de açúcar “não está dada”, considerando que o setor “sofreu bastante nos últimos anos”, com pandemia, taxa de juros elevadas, custos crescentes e quebra de safras.
As expansões de capacidade no maior produtor e exportador global não estão acontecendo na escala necessária para atender a demanda crescente, e o mercado global vem tendo déficits nos últimos anos, que tendem a se repetir em 2023/24 (ano internacional do açúcar, de outubro/setembro).
Segundo ele, embora tenha ainda “muita água para rolar” até no ano global 23/24, há a confirmação do El Niño, que traz mais chuvas para o centro-sul do Brasil, o que poderia afetar a moagem, e de outro lado gera um tempo mais seco para países como Índia e Tailândia, principais concorrentes dos brasileiros na exportação.
Ele disse que o excedente de exportação da Índia também pode ser reduzido pelo fato de o país asiático estar direcionando parte da cana para a produção de etanol, enquanto na Tailândia a cana enfrenta a concorrência de outras culturas.
“Vemos demanda forte, Brasil no máximo (para açúcar) e algum risco em países concorrentes. Por isso a visão é de déficit”, resumiu.
Ele também comentou que permanecem os riscos de eventuais gargalos logísticos no Brasil, em função dos grandes volumes de milho e soja que serão exportados, na mesma época do pico de escoamento do açúcar.
A situação logística no Brasil, em meio à safra recorde de soja, não registrou grandes estresses no primeiro semestre porque os preços dos grãos recuaram, causando postergação de embarques, enquanto a safra de cana do centro-sul atrasou.
Dessa forma, o gargalo logístico é um risco que ainda segue no radar no segundo semestre.
“Por enquanto é algo que vai ser monitorado, que vai depender muito da condição de clima”, disse, em referência a chuvas, que podem limitar as operações portuárias em algumas regiões.
ETANOL
Com uma maior destinação de cana para a produção de açúcar, a Copersucar não projeta grandes mudanças nos volumes comercializados de etanol em 2023/34, os quais devem se manter próximos de 15 bilhões de litros.
Em 2022/23, a plataforma da empresa comercializou 8 bilhões no Brasil, por meio da joint venture Evolua Etanol, criada com a Vibra Energia, enquanto outros 7 bilhões de litros tiveram vendas via Eco-Energy, que atua nos Estados Unidos.