Caixa vai trazer baixa renda para o mercado de capitais, diz CEO

Banco estatal teve salto de 16,5% no lucro do terceiro trimestre

Agência Brasil
Agência Brasil

Por Bruno Andrade

“A Caixa Econômica vai trazer o investidor de baixa renda para o mercado de capitais”, disse o CEO do banco estatal, Carlos Vieira, em entrevista coletiva para jornalistas nesta terça-feira (14).

O executivo, que assumiu o cargo na semana passada, e falou durante apresentação de resultados, não deu detalhes sobre os planos para atrair mais investidores para o mercado, e disse que estava apenas “dando um spoiler” com o comentário.

Questionado pelo Faria Lima Journal (FLJ) após o fim da apresentação, Vieira disse que a Caixa pretende dar mais detalhes sobre a atuação pretendida no mercado de capitais mais à frente.

A afirmação vem em momento em que a bolsa brasileira vê menor volume em negociações, efeito observado também em outras bolsas no mundo, diante do cenário de juros elevados. A B3 viu queda de 9% nos volumes negociados em ações à vista no terceiro trimestre, quando na comparação anual, com com recuo de 11,6% frente ao trimestre anterior.

RESULTADOS CAIXA

A Caixa Econômica Federal reportou ontem um lucro líquido recorrente de R$3,2 bilhões no terceiro trimestre de 2023, alta 16,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O crescimento foi impulsionado principalmente pela alta de 15,7% da margem financeira, que somou R$14,5 bilhões no terceiro trimestre.

A carteira de crédito chegou a R$1 trilhão, com maior participação de concessão para o financiamento imobiliário, que foi para R$707,9 bilhões após avanço de 14,6% em 12 meses. Durante a coletiva, Vieira comentou que para 2024 há uma perspectiva de estabilidade no crescimento da carteira desse segmento.

Só no terceiro trimestre, o banco concedeu R$51,4 bilhões em contratações de crédito imobiliário. Desse montante, R$32,5 bilhões foram em contratações de crédito imobiliário via FGTS, que para 2024 ainda não tem um orçamento completamente definido.

“Ainda não temos o número fechado, mas deve ficar dentro da média, que é de R$50 bilhões, pode haver alguns ajustes, mas o valor pode ficar em torno disso”, afirmou Vieira  ao ser questionado sobre as expectativas do próximo ano.

Em comparação com os outros quatro grandes bancos, a Caixa é a que está com a menor inadimplência acima de 90 dias, que foi de 1,74% para 2,67%. No Banco do Brasil o índice está em 2,81%. Já no Itaú e Santander o indicador foi para 3%, enquanto no Bradesco o número ficou em 6,1%.

Mesmo com uma inadimplência menor, a companhia apresentou um provisionamento inesperado do trimestre após o calote de um cliente em cerca de R$1 bilhão.

“A empresa que não fez o pagamento pertence ao setor de infraestrutura com foco em saneamento. Claramente não foi a Light, mas não vamos dar o nome da companhia em respeito à lei de proteção de dados”, comentou a Vice-Presidente de Risco da Caixa, Heriete Barnabé.

O banco também já provisionou toda a dívida da Americanas, que é de R$501 milhões, e agora aguarda os demais credores para fechar um acordo com a varejista.