Por Beatriz Lauerti
O setor de materiais de construção apresentou retração de 7% no faturamento em 2022, em meio a um cenário de maior endividamento da população e alta da taxa básica de juros, a Selic, segundo a Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção
A Eternit, líder de mercado no setor de coberturas, com atuação no segmento de sistemas construtivos, vendeu 174 mil toneladas de materiais de construção no quarto trimestre de 2022, superando em 5% o desempenho do mesmo período de 2021. Porém, esse volume não evitou uma retração de 9,0% no ano.
O diretor-financeiro da empresa, Vitor Mallmann, apresentou os resultados trimestrais da companhia nesta quarta-feira em evento realizado em parceria com o TC Matrix, plataforma de análise de empresas do TC.
Mallmann avaliou que “a companhia apresentou um bom desempenho no top line, demonstrando uma certa resiliência”, diante do cenário enfrentado pelo segmento no ano passado.
Apesar disso, as margens operacionais foram pressionadas no período pela alta de preços das matérias-primas, queda na produção, elevado custo de combustível e frete, além da menor diluição dos gastos fixos.
Os analistas do TC Matrix têm recomendação neutra para os papéis ordinários da Eternit (ETER3), com preço-alvo de R$17,00 para as ações. Segundo relatório, a recomendação leva em consideração que o setor de construção civil segue aquecido e que a Eternit “conseguiu executar com sucesso o seu processo de reestruturação, sendo capaz de distribuir proventos aos seus acionistas mesmo em recuperação judicial, devido a sua geração de caixa”.
A Eternit deixou a recuperação em 2022 e passou a crescer com aquisições de portfólio. A empresa afirmou que continua expandindo sua capacidade produtiva e pretende aumentar sua cobertura em todas as regiões do país, o que “é importante para o setor, considerando os altos custos do transporte”.
Mallmann, ao falar sobre expansão, destacou dois projetos. Um em Caucaia, no Ceará, região ainda dependente de telha de barro; e outro, que envolve operações com telhas fotovoltaicas, que está em fase inicial.
Os analistas do TC Matrix destacaram ainda que a companhia possui “baixo endividamento”.
O diretor-financeiro da Eternit ressaltou a importância de programas de incentivos do governo ao setor para manter a demanda em níveis elevados.
Os analistas do TC Matrix chamaram a atenção para o risco postos pelas operações da SAMA, controlada da Eternit no braço da mineração do mineral crisotila. O STF tem decisões proibindo o uso desse material.
Ao ser questionada sobre o caso, a Eternit informou que cabe aos estados decidir, segundo determinação do STF. A SAMA segue a legislação do estado de Goiás, que permite a operação, de acordo com a controladora.
Na visão da Eternit, o STF concedeu aos estados o poder de decidir quanto à mineração desse material e não existe risco de uma interrupção no curto prazo. O segmento é bastante relevante para a companhia, sendo responsável por mais de 40% da receita, operando com margens elevadas.