Americanas (AMER3) tenta escapar da falência com plano que envolve acionistas, bancos e pequenos credores. Veja qual é o plano da companhia após rombo de R$ 43 bilhões

Venda de Natural da Terra faz parte da rota de fuga

Agência Brasil
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Por Bruno Andrade

A Americanas (AMER3) divulgou na madrugada de segunda para terça-feira (21) seu plano de recuperação judicial. A proposta é para pagar as dívidas de R$ 43 bilhões para mais de 16,3 mil credores.

No documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a companhia disse que vai receber um aporte de R$ 10 bilhões,o qual será feito por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sucupira e Marcel Herrman Telles.

A empresa também quer vender algumas empresas de seu portfólio, como Natural da Terra, companhia de hortifruti adquirida em novembro de 2021 por R$ 2,1 bilhões. Além disso, a empresa quer vender outros ativos, como o avião jato executivo Phenom 300, que começou a ser fabricado pela Embraer em 2009. O pertence é avaliado em R$ 40 milhões.

Com isso, a empresa pretende levantar cerca de R$ 2,9 bilhões de caixa em 2023. “Caso os recursos líquidos originados pela venda de ativos ultrapassem o montante de R$ 2 bilhões, o valor de R$ 2 bilhões será destinado à recompra antecipada de dívida e o excedente será direcionado ao caixa da companhia”, disse a Americanas.

Todavia, a varejista comentou que se os recursos forem inferiores ao montante de R$ 2 bilhões, a totalidade do valor gerado pela alienação de ativos será destinada à recompra da dívida.

A Americanas comentou ainda que todos os bens que são possíveis de vender estão avaliados em R$ 22,2 bilhões. No entanto, a varejista disse que os venderá por um valor menor para ter mais liquidez. A estimativa é de uma arrecadação de até R$ 17,4 bilhões, caso a companhia queira vender tudo que está ao seu alcance.

Outro caminho é a emissão de mais dívida, via debêntures, no valor de até R$ 5,9 bilhões. A companhia também pretende emitir debêntures conversíveis em ações. 

O pagamento das dívidas engloba todos os credores, mas o prazo de pagamento deve variar. Os credores trabalhistas, micro e pequenas empresas tendem a receber o dinheiro em até 30 dias após a aprovação pela justiça do Rio de Janeiro.  

No entanto, as grandes empresas, como os bancos, possuem uma outra data limite para receber o dinheiro, que é março de 2043. Ou seja, a recuperação judicial da companhia pode durar 20 anos.

O plano será submetido pelo juiz aos credores, os quais têm um prazo de 30 dias para se reunirem em uma assembleia geral e votarem a proposta. Se a maioria votar a favor, as dívidas serão substituídas pelo novo acordo. Ainda não há data marcada para a assembleia dos credores.