Americanas (AMER3): Diretora financeira passa a ser acusada pela CVM

Processo foi aberto inicialmente em 26 de maio

Facebook/Americanas
Facebook/Americanas

Por Bruno Andrade

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está acusando Cammile Loyo Faria, diretora financeira da Americanas (AMER3), por falhas na divulgação ao mercado sobre a proposta de capitalização feita por Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, os acionistas de referências da varejista.

A informação foi obtida pelo Faria Lima Journal (FLJ) em documento sobre o caso no site da autarquia nesta sexta-feira (23).

O trio de acionistas da Americanas ofereceu aportar R$ 10 bilhões para salvar a empresa e depois aumentou o montante para R$ 12 bilhões.

O processo foi aberto em 26 de maio como peça acusatória e foi evoluindo até chegar a Gerência de Controle de Processos Sancionadores (CGP) que deixou formalizou a acusação em envio de informações para a defesa.

Além de Faria, o ex-CEO da empresa, Sérgio Rial, também foi acusado pela CVM por, assim como Cammile, fazer a divulgação do rombo bilionário de forma incorreta.

Sérgio Rial assumiu a Americanas em 1 de janeiro e descobriu o rombo contábil em cerca de 10 dias. No dia 11 de janeiro, a companhia comunicou que encontrou um rombo de cerca de R$ 20 bilhões. No dia seguinte, Rial fez uma suposta coletiva de imprensa pela plataforma do BTG Pactual, um dos credores da companhia.

A coletiva, que deveria ser pública, teve acesso limitado e parte da imprensa e demais interessados ficaram de fora. Uma semana após a coletiva, a companhia pediu recuperação judicial com dívidas de R$ 43 bilhões e um caixa de apenas R$ 8 bilhões.

Uma fonte que está por dentro das apurações disse ao Faria Lima Journal (FLJ), que a coletiva já era um evento planejado entre a Americanas e o BTG. Ou seja, a reunião online já estava prevista para acontecer e trataria sobre outros assuntos.

Todavia, como a empresa tinha anunciado o rombo na véspera, decidiram não cancelar e usar o evento para fazer o anúncio com mais detalhes.

“Sendo assim, a investigação entende que o BTG também não sabia de nada. O banco ficou sabendo do rombo no comunicado do dia 11 e só teve acesso aos detalhes no evento realizado em sua sede”, afirmou.

Outra fonte da reportagem, próximo da apuração das fraudes, confirmou que a decisão de fazer o evento não foi do executivo e sim da Americanas, para não levantar qualquer suspeita sobre o assunto.

Rial deixou a Americanas no dia 17 de janeiro.

O Faria Lima Journal entrou em contato com a Americanas, mas até o momento não obteve resposta.