Por Erick Matheus Nery
As ações da Americanas (AMER3) dispararam no Ibovespa hoje desta terça (13), após a varejista confirmar que sofreu uma fraude contábil ao longo dos últimos anos — informação antecipada pelo Faria Lima Journal (FLJ) na semana passada.
Por volta das 10h26, a alta era de 18,10%, com os papéis sendo negociados a R$ 1,37. Às 10h49, esse disparo dos papéis foi freado, com uma alta de 11,21% e as ações sendo negociadas por R$ 1,29.
Desde a explosão da crise da Americanas, os papéis da varejista já desabaram mais de 80% e estão sendo negociados por menos de R$ 2. Assim, as ações apresentam um baixo valor monetário e qualquer oscilação positiva ou negativa torna-se acentuada em valores percentuais.
Na visão de Malek Zein, analista de ações da TC Matrix, “é muito difícil afirmar quais são os fatores que movimentam os papéis hoje. Porém, ele afirma que o avanço na apuração do caso de fraude é um sinal positivo para as ações.
“Os problemas com a empresa vão muito além da fraude, pois com a crise de imagem, os consumidores reduziram muito suas compras nos sites da companhia com medo de não receberem suas encomendas, além de outros custos chamados de custos indiretos de falência. Ainda não sabemos o real tamanho do rombo nem o valor de um possível aumento de capital”, reforça Zein em entrevista ao FLJ.
À reportagem, o especialista e sócio da Valor Investimentos, Gabriel Meira, descreve esse movimento de alta como uma “animação exacerbada do mercado”. “Os papéis estavam tão descontados que qualquer movimento em cima já faz a ação subir desse jeito”, complementa.
Fraude na Americanas
Na semana passada, fontes do Faria Lima Journal (FLJ) confirmaram à reportagem que a investigação havia constatado uma fraude nos balanços da empresa.
Nesta terça, em Fato Relevante publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a varejista informou ao mercado a existência da fraude e disse que o relatório do Comitê Independente de investigação aponta a participação do ex-CEO Miguel Gutierrez e de demais diretores da companhia neste escândalo.
Segundo o documento, foram encontrados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (“VPC”), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da Companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.
“Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022”, disse a empresa.
As contrapartidas contábeis em balanço patrimonial desses contratos, os quais não tiveram lastro financeiro associado, se deram majoritariamente na forma de lançamentos redutores da conta de fornecedores, totalizando, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022, diz a nota.