Ação da Light tomba quase 25% em quatro dias com reestruturação financeira e "contágio Americanas"

A empresa divulgou a contratação da assessoria financeira Laplace para apoiar uma reestruturação de suas finanças

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Por: Luciano Costa e Artur Horta

A elétrica Light perdeu quase um quarto do valor de mercado na B3 em apenas quatro dias nesta semana, após divulgar a contratação da assessoria financeira Laplace para apoiar uma reestruturação de suas finanças, em um momento de preocupações no mercado de crédito devido à crise da Americanas.

Após a varejista ter revelado em janeiro a descoberta de R$20 bilhões em “inconsistências contábeis” em seu balanço, pedindo recuperação judicial na sequência, o mercado de dívida enfrenta estresse, o que chegou a impactar até emissões de títulos em andamento, disse ao Scoop uma fonte que atua com crédito privado.

“Está havendo muita revisão do limite de exposição de bancos a companhias depois das Americanas. Todo mundo está tentando evitar tomar um novo golpe desses”, disse a fonte, sob a condição de anonimato, uma vez que não tem autorização para falar com a imprensa.

As ações ordinárias da Light despencavam 5,49% na B3 às 16h44 desta quinta-feira, tocando a mínima da sessão, de R$3,27. Os papéis aceleraram perdas depois que a agência de risco Fitch rebaixou a classificação da empresa de “BB-” para “CCC+”, o que significa que ela considerada “extremamente especulativa”.

O papel acumula queda de 24% na semana, e de 29% em 2023. A perda de valor da elétrica neste ano, até o fechamento de ontem, era de R$435 milhões, com a avaliação de mercado de R$1,28 bilhão, segundo cálculo da TC Economatica.

Um dos principais fatores de pressão sobre a Light é a perspectiva de vencimento da concessão da empresa para distribuição de energia no Rio de Janeiro em 2026, que responde por mais de 60% da geração de caixa do grupo. A Light iniciou conversas com o Ministério de Minas e Energia sobre o tema no ano passado, sob a liderança do presidente-executivo Octavio Pereira Lopes, mas ainda não há qualquer definição sobre a prorrogação ou não do contrato, segundo uma fonte próxima da empresa.

Procurada, a Light não comentou de imediato.

A Light fechou setembro de 2022 com dívida líquida de R$8,7 bilhões, alta trimestral de 2,3%. Isso representa alavancagem de 3 vezes, perto de limites acertados com credores, de entre 3,5 vezes e 3,75 vezes. A situação se agrava porque a Light perde mais de 25% da energia distribuída devido a ligações ilegais, os chamados “gatos”, principalmente em comunidades dominadas por tráfico e milícia.