Casas Bahia desaba após proposta sobre grupamento de ações

Preocupação com varejo também impacta papel da Magalu

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Por: Ana Luiza Serrão

As ações da Casas Bahia (BHIA3) operam em forte queda nesta quarta-feira na B3, após a varejista convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para 16 de novembro para discutir um grupamento de ações na proporção de 25 para 1, o que preocupa investidores e, por tabela, pressiona os papéis da Magazine Luiza (MGLU3), sua concorrente.

Por volta das 13h07, as ON da Casas Bahia caíam 9,80%, a R$0,46, e as da Magalu, 4,96%, a R$1,34. O Ibovespa tinha queda de 0,21% no mesmo horário, aos 113.525 pontos.

O movimento proposto pela antiga Via Varejo visa evitar que a ação da empresa deixe de ser negociada no Ibovespa devido aos inúmeros pregões em que o papel ficou abaixo de R$1, segundo analistas consultados pela Mover.

“O grupamento acaba minimizando um pouquinho essa volatilidade tão alta e esse movimento tão especulativo no papel. Desse ponto de vista, é bom. Mas do ponto de vista dos fundamentos da empresa não muda nada”, explicou a analista de investimentos da Investe10, Cristiane Fensterseifer.

Com o grupamento, as taxas de aluguel das ações da Casas Bahia devem reduzir e os papéis devem continuar a sofrer, segundo o analista do TC Matrix, Malek Zein, que vê o varejo ainda pressionado à frente. “Essa dinâmica deve mudar apenas em 2024”, disse.

Para o especialista da Valor Investimentos, Gabriel Meira, os papéis da Casas Bahia negociados a centavos é algo muito ruim para a varejista de forma geral. “A empresa tem passado por um processo bem complicado, tem uma série de problemas tanto internos quanto externos”.

No entanto, este não é um problema exclusivo da Casas Bahia, mas do setor varejista, que, segundo o analista da Levante Investimentos, Flavio Conde, não tem solução no curto prazo.

O pessimismo com o segmento do varejo impacta as ações da Magazine Luiza. “Os investidores devem estar preocupados. Se a Casas Bahia está com problemas, e as duas são parecidas, talvez tenha problema na Magalu também”, segundo Conde, da Levante.

Fensterseifer, da Investe10, lembrou que os papéis da Magalu já vinham caindo bastante desde ontem, após a presidente do conselho da companhia, Luiza Trajano, ter dado declarações que parecem ter desagradado ao mercado.

“Ela falou em um evento que a empresa sempre teve a característica de acreditar muito nas lojas físicas. O problema é que a gente está vendo muito um deslocamento desses tipos de compras para o virtual, então o mercado também não gostou muito desse posicionamento”, relatou Fensterseifer.

“Eu tenho mais simpatia pelo futuro da Magalu do que pelo futuro da Casas Bahia. Eu estou preocupado com Casas Bahia. Magalu eu tenho menos preocupação”, acrescentou Conde, da Levante.

(ALS | Edição: Gabriela Guedes | Comentários: equipemover@tc.com.br)