Recomendou livro "Maestro"

Bessent lembra Alan Greenspan ao falar sobre perfil desejado para o Fed: "mente aberta"

Bessent lembra Alan Greenspan ao falar sobre perfil desejado para o Fed: "mente aberta"

O secretário do Tesouro do governo Donald Trump, Scott Bessent, ofereceu pistas sobre os critérios para a escolha do próximo presidente do Federal Reserve (Fed), enquanto recomendou leitura de Maestro, livro sobre o lendário ex-chair do Fed, Alan Greenspan, escrito pelo renomado jornalista Bob Woodward, raçando paralelos entre os tempos atuais e a época em que Greenspan liderou a política monetária americana.

Questionado sobre características buscadas para o sucessor de Jerome Powell no Fed, em entrevista à CNBC, Bessent destacou que o governo quer alguém com “mente aberta”. Ele mencionou Greenspan como exemplo, elogiando sua abordagem durante os anos 1990, período de forte crescimento econômico nos Estados Unidos, impulsionado pela revolução da internet, e pontuando que acaba de reler a obra de Woodward, que ficou famoso pela cobertura do caso Watergate.

Livro de Bob Woodward: recomendadíssimo

Na época, Greenspan resistiu à pressão de elevar os juros, apesar do receio de inflação, ao identificar que o crescimento da ecoomia dos EUA, por vezes vista como superaquecida, era sustentado por ganhos de produtividade decorrentes da adoção do uso da internet pelas empresas.

“Seria fácil para Greenspan ter interrompido o boom da internet se não estivesse aberto à possibilidade de um aumento de produtividade”, afirmou Bessent.

O secretário fez um paralelo com o cenário atual, marcado por preocupações com uma possível bolha no mercado de inteligência artificial (IA), apontando similaridades entre os períodos.

Embora Bessent não tenha citado essa expressão na entrevista, Greenspan ficou conhecido por alertar, em um discurso em 1996, que estava vendo uma “exuberância irracional” no mercado de ações americano, enquanto hoje começam a surgir preocupações com uma eventual bolha nos mercados acionários, inflada pelas expectativas com a IA.

Apesar do aparente paralelo entre o alerta de Greenspan, que precedeu o estouro da chamada “bolha ponto-com” nos EUA, e as atuais preocupações de exagero de investidores, o histórico discurso sobre “exuberância irracional” ocorreu quatro anos antes do efetivo fim da euforia e consequente “crash”.

Greenspan, em entrevista posterior, refletiu sobre esses comentários de 1996, observando que na ocasião não fez um alerta sobre uma bolha imediata, e que sair do mercado na época da fala teria custado aos investidores uma alta de 80% antes do colapso.

Clique aqui para assistir à íntegra do lendário discurso de Greenspan.