Powell: Recessão nos Estados Unidos é possível; maioria do FOMC vê duas novas altas de juros

Presidente do Fed detalhou cenário norte-americano em evento em Portugal

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Por Felipe Corleta

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira (28) em evento em Portugal ser “certamente possível” que se concretize o cenário em que a economia americana entra em recessão, embora não seja o “mais provável.

Na conferência de Bancos Centrais do Banco Central Europeu, Powell ainda repetiu que a maioria dos membros do colegiado do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) vê duas altas de juros ainda neste ano. Powell afirmou que não se deve descartar a possibilidade de essas altas serem consecutivas, afastando uma interpretação de que o Fed seguiria apertando os juros “reunião sim, reunião não”, a partir de julho. Os presidentes dos bancos centrais de Japão, Reino Unido e Zona do Euro também participaram do painel.

Para que a inflação caia para a meta, “a política monetária pode não ser restritiva suficiente, nem por tempo suficiente”, disse o presidente do Fed. Powell ainda afirmou que vê melhoras no equilíbrio do mercado de trabalho nos Estados Unidos.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que não vê evidências tangíveis de queda na inflação subjacente na Zona do Euro. Questionada sobre os riscos de uma recessão europeia, Lagarde disse que “não é o seu cenário-base”, mas que “os dados da indústria no segundo trimestre não foram animadores”.

Os banqueiros centrais concordaram que o foco dos formuladores de política monetária neste momento deve ser em atingir as metas de inflação, e não discuti-las.

O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, disse que vê a economia do Reino Unido como “muito resiliente”. Já Kazuo Ueda, do Banco do Japão, disse que prevê uma queda da inflação no seu país nos próximos meses, seguida por uma retomada dos preços.

“Quando tiver mais certeza sobre essa segunda parte [de retomada de alta da inflação no Japão], podemos considerar uma mudança na política monetária”, disse Ueda.

O evento ocorreu em um momento particularmente importante para a política monetária a nível global, já que as decisões de juros foram muito distintas no último mês.

Nos EUA, os juros ficaram estáveis depois de altas consecutivas que somaram cinco pontos percentuais. Na Zona do Euro, os juros subiram em linha com o esperado e o BCE sinalizou novas altas. No Reino Unido, os juros saltaram acima do esperado após um indicador apontar a reaceleração da inflação no país. O Japão manteve sua política monetária ultrafrouxa.