Por: Gabriel Ponte
A trajetória de alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo dos Estados Unidos pode, na margem, reduzir a necessidade de o Federal Reserve lançar mão de novas altas de juros, disse o presidente da autarquia, Jerome Powell, durante discurso realizado nesta tarde.
Em evento promovido pelo Clube Econômico de Nova York, Powell pontuou que a alta dos rendimentos não parece estar atrelada, a princípio, às expectativas de que o Fed aperte mais os juros. Ele também disse que os yields não parecem refletir expectativas de preços mais altos na economia.
De acordo com Powell, os investidores podem estar respondendo aos déficits fiscais produzidos pelo governo americano e às ações do Fed envolvendo seu balanço patrimonial.
Os rendimentos dos Treasuries movem-se de forma oposta aos preços, e têm avançado expressivamente desde que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) iniciou seu ciclo de aperto monetário, em março de 2022. Os rendimentos dos Treasuries de longo prazo vêm testando as máximas em mais de 15 anos há semanas.
O presidente do Fed também pontuou que os membros do FOMC estão caminhando “cautelosamente” na política monetária, após o agressivo processo de ciclo monetário iniciado no ano passado.
Por outro lado, o presidente do Fed reconheceu que a economia local se encontra “resiliente”. Segundo ele, a força da atividade e um mercado de trabalho “ainda apertado” podem justificar novos aumentos da taxa de juros.
Powell ressaltou que uma série de “novas incertezas e riscos” precisam ser levadas em consideração, como o conflito no Oriente Médio e suas implicações econômicas.
O presidente do Fed realizou, certamente, sua última aparição pública antes do período de silêncio que antecede a decisão de juros do FOMC, previsto para começar no sábado. A próxima decisão de juros ocorrerá nos dias 31 de outubro e 1 de novembro.
Por volta das 14h20, os principais índices acionários de Wall Street operavam em alta, após os comentários de Powell. O Dow Jones, o S&P500 e a Nasdaq 100 avançavam 0,38%, 0,36% e 0,49%, respectivamente.
No mesmo horário, os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos, mais sensíveis à política monetária, aceleravam queda, recuando 5,8 pontos-base, a 5,167%. Na ponta oposta, os rendimentos dos títulos de dez anos avançavam 3,4 pontos-base, a 4,951%.