Por: Gabriel Ponte
São Paulo, 31/1/2024 – O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, minimizou fortemente nesta tarde chances de um corte de juros na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de março, em fala que contrasta com a visão de muitos investidores acerca de um alívio monetário já no primeiro trimestre. Os mercados acionários dos Estados Unidos testaram mínimas intradiárias após as declarações do chair do Fed, e no Brasil o Ibovespa reduziu ganhos.
Em coletiva de imprensa após a mais recente decisão de juros do FOMC, o presidente do Fed apontou que, baseado na reunião desta tarde, o comitê provavelmente deverá manter a taxa-alvo Fed Funds inalterada em sua próxima reunião. Segundo ele, um corte de juro em março não é hoje o “cenário base” do colegiado.
Por volta das 17h30, os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 recuavam 0,81%, 1,50% e 1,61%, próximos da mínima intradiária. No mesmo horário, os rendimentos das Treasuries de dois anos perdiam 5,6 pontos-base, a 4,283%, e as de dez anos, 3,6 pbs, a 3,998%.
O índice Dólar DXY – que mede o desempenho da moeda americana ante uma cesta de divisas – subia 0,28%, a 103,7 pontos. No mercado local, o Ibovespa subia 0,44%, aos 127.968 pontos, após chegar a avançar 1,41% na máxima do dia.
De acordo com Powell, o FOMC não deverá ter “confiança suficiente” para lançar mão de um corte de juros da taxa-alvo Fed Funds até a próxima reunião. Ele reiterou, em diversos momentos da coletiva, que antes é necessário “ganhar mais confiança” no processo de desinflação reportado pela atividade econômica.
Segundo ele, os recentes dados de inflação reportados são “bem-vindos”. No entanto, é necessário “mais confiança”. Em sua leitura, o banco central observou até o momento seis meses de bons dados de desinflação, e segue confiante de que as pressões de preços caminham para a meta perseguida pelo banco central, de 2,0%.
Powell também notou – em linha com o comunicado – que a inflação reduziu-se de forma notável ao longo de 2023, embora siga acima da meta. Ele descartou projetar quantos meses seriam necessários com bons dados de inflação até que houvesse conforto em cortar juros.
No entanto, o presidente do Fed reconheceu que “certamente será apropriado” reduzir o juro em algum momento neste ano. Ele alertou, porém, que o FOMC está preparado para manter o juro atual por mais tempo, se necessário.
Powell reconheceu, em seu discurso, os riscos que enfrenta: de um lado, reduzir a restrição monetária muito cedo poderia reverter o progresso de desinflação observado até o momento. De outro, reduzir o juro tardiamente poderia enfraquecer, indevidamente, a atividade econômica.
Questionado sobre se o Fed já alcançou um “pouso suave” para a economia americana, Powell disse que ainda não, e que as autoridades do Fed ainda têm longo caminho a percorrer. Ele também disse na coletiva que os dirigentes apresentaram, na reunião deste mês, discussões sobre eventual fim do processo de redução do balanço patrimonial.
De acordo com ele, o processo de redução do balanço patrimonial “tem ido muito bem”, e o banco central caminha para um momento no qual o foco começa a se voltar para o fim da medida. Embora as discussões ainda estejam em “início de processo”, Powell crê que as autoridades expandirão as conversas na reunião de março.
(GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)