Mercado espera início do ciclo de corte de juros, mas diverge sobre tamanho da redução

Confira o TC Consenso sobre o tema

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Por Fabricio Julião e Luana Franzão, com colaboração de Gabriel Ponte

Investidores esperam que o primeiro corte na taxa básica de juros brasileira em quase três anos ocorra nesta quarta-feira (2), na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de agosto. Segundo o TC Consenso, que contou com projeções de 22 economistas, a redução deve ser de 25 pontos-base, o que levará a taxa Selic a 13,50% ao ano.

Conforme destacado na última pesquisa realizada pela Mover sobre o Copom, em 10 de junho, os economistas estavam divididos entre o início de cortes em agosto ou setembro. No entanto, dados recentes de inflação melhores que o esperado e de atividade econômica abaixo do consenso contribuíram para os especialistas serem unânimes na aposta de redução do juro já nesta semana.

“A evolução do cenário econômico no Brasil e no mundo nos últimos meses dá respaldo a uma política monetária menos restritiva do que a atual”, disse o economista-chefe da XP, Caio Megale.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de julho registrou deflação mensal de 0,07%, superior à expectativa de queda de 0,01%. Já o Índice Geral de Preços mensal (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), recuou 0,72% em julho ante junho, contra estimativa de -0,71% do mercado.

Na mesma linha, indicadores mais fracos referentes à atividade econômica elevaram a probabilidade de corte de juros em agosto. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, caiu 2,0% em maio na comparação mensal. O consenso apontava para estabilidade no período.

“A desinflação das medidas de núcleo (itens mais sensíveis à política monetária), o comportamento do hiato do produto e a ancoragem das expectativas para a inflação para em torno da meta também contribuem para início de flexibilização da política monetária”, afirmou o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.

Economistas consultados pela Mover esperam que a Selic termine 2023 em 12,00%, e 2024 em 9,50%.

Na última sexta-feira, o banco central do Chile surpreendeu investidores ao reduzir a taxa básica de juros em 100 pontos-base de forma unânime, a 10,25%, iniciando uma guinada monetária na América Latina em direção a uma política menos restritiva. A autoridade também sinalizou que novos cortes deverão ocorrer no país. Segundo pesquisa de uma agência internacional de notícias, as apostas no Chile são de que a taxa de juros alcançará nível terminal de 7,75% ao fim do ano.

O início do ciclo de corte de juros no Brasil é uma posição defendida explicitamente pelo poder Executivo há algum tempo, com sucessivas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de outros membros do governo federal. A magnitude do corte almejado pelo Planalto, no entanto, é maior do que o consenso dos economistas, mas em linha com o que acredita uma ala do mercado.

Em entrevista ao site G1 nesta segunda-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que a expectativa do governo é por um corte de “0,5 pontos percentuais para cima”.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 15H50, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.