Mercado espera deflação de 0,10% do IPCA em junho

Projeções de 2023 e 2024 foram reduzidas pelos especialistas

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Por Fabricio Julião e Luana Franzão

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho deve registrar deflação pelo primeiro mês desde setembro de 2022, segundo o TC Consenso. A mediana das expectativas dos 20 economistas consultados pela Mover é de variação de -0,10% para o indicador mensal, que será divulgado amanhã, às 9h, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O TC Consenso registrou também uma redução das estimativas para o IPCA em 2023 e 2024, em comparação com a pesquisa feita no mês passado. Para esse ano, as projeções foram de 5,53% para 4,85%; para 2024, passaram de 4,20% para 3,90%.

Segundo especialistas, caso as expectativas de deflação do indicador se concretizem, o ambiente elevará a pressão sobre o Banco Central para a redução da taxa Selic.

“Existe uma parcela pequena do mercado que acredita que a Selic só vai começar a cair em setembro, mas, na minha avaliação e na de outros economistas, já está dado que será em agosto. Porém, o tamanho do corte é mais nebuloso no momento”, afirma o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo. “Acredito que o BC reduzirá 25 pontos-base em um primeiro momento para, depois, intensificar os cortes em 50 pbs.”

Segundo Espírito Santo, caso o IPCA de junho aponte para uma deflação maior que a esperada, é possível que o BC inicie o ciclo de cortes com uma redução de 50 pbs da Selic. “Mas, se o indicador vier dentro das expectativas ou mais para perto da estabilidade, creio que ficará mais visível a diminuição em 25 pbs.”

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ocorrerá nos dias 1 e 2 de agosto.

PREÇOS EM JUNHO

Economistas ressaltaram à Mover que o alívio sobre os preços está bem disseminado entre as categorias analisadas pelo IBGE. Desde fevereiro deste ano, o IPCA vem desacelerando mês a mês, o que pode ser atribuído à “mão pesada” do BC, segundo especialistas.

Na visão do economista da Garde Asset Management, Luis Menon, o setor dos alimentos é um dos que mais chama a atenção na composição das expectativas – de acordo com as projeções do especialista, é esperada uma variação de -1,8% na carne. Ainda de acordo com ele, o segmento de transportes também pode ser destaque, com recuo estimado de 0,67% em relação a maio.

O especialista ressalta que as novas reduções anunciadas pela Petrobras no preço dos combustíveis devem contribuir para a desaceleração do IPCA: uma variação de -1,4% é esperada nos preços da gasolina e de -6,0% nos do etanol. Para ele, a redução acentuada do etanol acompanha a gasolina, além da safra da cana de açúcar do mês.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 15H02, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.