São Paulo, 22/09/2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que defende a necessidade de ajuste das contas públicas “por convicção, não por pressão”, e que sua gestão tem apoio, mesmo que velado, da maioria do Partido dos Trabalhadores, legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora muitas vezes exista um “jogo de cena” com críticas ao ajuste fiscal.
“Colocaram em votação no PT o apoio ao arcabouço fiscal. Deu 80% (a favor) a 20% (contra), dentro do PT. Às vezes essa maioria no PT é silenciosa”, comentou Haddad, ao ser questionado sobre a posição do campo da esquerda sobre o tema fiscal, durante participação no evento Macro Day, do BTG Pactual.
Embora o ajuste de contas liderado por Haddad não venha sendo suficiente para convencer o mercado financeiro, pressionando taxas de juros, o plano do ministro de gradual reequilíbrio fiscal atrai desde o início críticas de parte da esquerda, até mesmo no PT, com acusações de “austericídio”. “Tem todo um jogo de cena”, admitiu Haddad, sobre as discussões internas do partido.
No evento do BTG, ao participar de painel mediado pelo economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, Haddad acrescentou que, para defender o arcabouço fiscal, chegou a colocar em risco até relacionamentos pessoais que têm convicções contrárias. “Tem gente que não acredita que o fiscal seja importante. Não é minha posição… eu me expus até frente às pessoas que convivem comigo (para defender o arcabouço)”,.
Haddad também defendeu que “Estado forte é um Estado com menos dívida”, e pediu que o Congresso ajude o governo a manter o processo de ajuste das contas públicas. Ele também disse entender que acabar com incentivos fiscais não é aumentar imposto.
SELIC, PIB
Questionado sobre expectativas para a taxa básica de juros, a Selic, Haddad disse esperar que os juros possam cair “de forma consistente”, repetindo afirmação feita anteriormente sobre o tema, mas sem estimar quando o movimento de queda das taxas poderia ocorrer.
O ministro disse acreditar que a média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo dos quatro anos de mandato será a maior dos últimos 12 anos. Além disso, projetou que o governo entregará a menor inflação média desde o Plano Real, em 1994.