Comentaram política fiscal e monetária

Ministro Haddad, Campos Neto e Andre Esteves falam em evento do BTG; confira destaques

Ministro Haddad, Campos Neto e Andre Esteves falam em evento do BTG; confira destaques

São Paulo, 20/08/2024 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participaram nesta terça-feira de evento promovido pelo BTG Pactual, transmitido online, no qual falaram sobre política fiscal, monetária e perspectivas para o Brasil.

Confira a seguir os destaques dos primeiros painéis do BTG Macro Day.

FERNANDO HADDAD/FAZENDA

— A taxa de juros no Brasil já está restritiva, afirmou Haddad, afirmando ver risco de o BC “errar a dose” e “apertar demais o monetário em um momento em que você pode ter uma turbulência externa momentânea”. Para ele, uma alta de juros agora poderia “abortar um processo virtuoso de combate à inflação pelo lado da oferta”, com maiores investimentos.

— “O BC tem quer olhar curva de oferta e demanda. E o fiscal tem que ajudar. Sempre fui da tese de que política fiscal e monetária são dois braços do mesmo organismo”.

— A meta fiscal “está fixada em lei”, defendeu Haddad, ao ser questionado sobre o cumprimento do chamado arcabouço das contas públicas. “Se todo mundo fizer o que está deterinado pela lei ou pela Justiça, vamos transitar numa boa em 2024, 2025 e 2026″. 

— “Estamos tirando o pé do fiscal. Esse ano não tem como não ser muito melhor que ano passado. E ano que vem vai ser melhor que este ano, aconteça o que acontecer. Estou acompanhando os dados. Estamos retirando o estímulo fiscal e de maneira organizada, sensata, sem prejudicar os pobres”.

— “Se você controlar o gasto primário, controlar o tributário, naturalmente o gasto finananceiro vai vir para baixo. Estamos conseguindo. E o sucesso também gera distorções, o crescimento também inspira cuidados. A partir do momento que vai se aproximando o pleno emprego, uso da capacidade instalada, também tem que sopesar variáveis para saber que medidas tem que tomar para que o crescimento seja sutentável. Porque não existe solução para a economia brasileira que não passe pelo crescimento”.

— Governo está “corrigindo distorções” em programas sociais incluindo o BPC para reduzir gastos, mas as medidas não podem ser consideradas “cortes”, defendeu o ministro.

— Haddad também destacou a forte recuperação da economia do Rio Grande do Sul após recentes enchentes, revelando que o próximo Caged vai mostrar que as demissões na região estancaram, e outros dados mostram produção industrial subindo fortemente.

ROBERTO CAMPOS NETO/BC

– Expectativa de desaceleração mais forte nos EUA “acho que foi supeprecificada”, disse RCN, acresentando que essa visão se baseou em poucos dados.

– Segundo o presidente do BC, o mercado veio de um cenário em que dados mais fracos dos EUA eram vistos com otimismo, por sinalizarem queda de juro, para um “nervosismo” com dados mais facos.

— “Teve muita volatilidade, aconteceu muita coisa na mesma semana e muitas percepções de riscos de cauda que estavam ali as pessoas começaram a prestar atenção. Mas acho que o cenário que prevalece é de desaceleração organizada (nos EUA).

— Para RCN, o risco do lado externo “melhorou”, porque o maior temor era de que os EUA não cortassem juros no curto prazo.

— RCN também fez comentário alinhado às falas de Haddad, reconhecendo esforço fiscal do governo. “Tem uma desaceleração fiscal que acho qeu está encomendada. Então isso tem influência, tem um efeito no crescimento, na expectativas”.

— Segundo ele, o Copom está tentando mudar a comunicação desde o dissenso na votação de juros em maio, e o colegiado nunca esteve tão coeso. “Nossa tarefa é um pouco não olhar tanto para esse ruído de curto prazo de precificação, e passar a mensagem que queremos. Que vamos fazer o que tiver que fazer (para levar inflação à meta), se tiver que subir juros vai subir”.

— Com o final de seu mandato no final do ano, RCN comentou que é natural que o mercado passe a tentar entender a visão dos diretores indicados pelo novo governo, e que o BC está “em processo de construir credibilidade” para a próxima gestão. “E obviamente você não ganha confiança de um dia para o outro, não adianta pensar que vai ter um movimento, uma reunião ou duas em que você vai reconquistar”.

– “Espero que meu sucesssor não seja julgado pela camiseta que ele vestiu, ou se foi a uma festa, mas por suas decisões técnicas”, acrescentou RCN — o chefe do BC é frequentemente criticado por pessoas próximas ao governo Lula por ter ido votar nas eleições com camisa da seleção brasileira, vista como um apoio a Jair Bolsonaro.

ANDRÉ ESTEVES/BTG 

– O presidente do conselho do BTG abriu o evento elogiando o ministro da Fazenda Haddad, que segundo ele “tem sido um lutador no objetivo de entregar uma economia consistente”.

– “Muita gente tinha dúvida de como as coisas iam se desenvolver. A opinião média do mercado, dos formadores de opinião, excutivos, era que a dificuldade de entregar as metas fiscais desse ano era quase que uma dificuldade intransponível. De fato era quase isso, mas não era isso”.

— “A gente segue muito mais seguro do cumprimento das metais fiscais do arcabouço neste ano. Existe ainda alguma dúvida sobre os próximos anos, mas acho que ninguém duvida do empenho do ministro Haddad e sua equipe para fazer isso acontecer”.

— Esteves ainda comentou que Haddad prece ter conseguido convencer Lula sobre a importância da trajetória fiscal prevista pelo arcabouço. “Não é exagero dizer que o ministro Haddad tem sido um herói”.

(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)