Por Gabriel Ponte
O crescimento da atividade econômica no segundo trimestre deste ano surpreendeu as projeções das autoridades e deverá influenciar a medição do hiato do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Banco Central, avaliou a diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, nesta terça-feira (5).
De acordo com Guardado, a autoridade monetária deverá realizar nova revisão do hiato do produto no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), previsto para ser reportado ao fim deste mês. A diretora do BC participou de live transmitida pela Bradesco Asset Management.
No segundo trimestre, o PIB avançou 0,9% na base trimestral, na série com ajuste sazonal, de acordo com dados reportados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira.
Guardado também pontuou haver impulso advindo do setor de serviços, embora haja “divergências” nos resultados de segmentos. Segundo ela, a inflação de serviços tem se mostrado mais “enraizada”, mesmo que os processos de aperto monetário estejam “funcionando”.
A diretora do BC projetou que a atividade econômica deverá registrar uma desaceleração do crescimento ao longo deste segundo semestre, em linha com a política monetária. Em compensação, a inflação deve apresentar “recuo consistente” ao longo de 2024.
Questionada sobre o ritmo de corte da Selic, Guardado afirmou ser necessária “mudança substancial” no cenário de desinflação para que o Comitê de Política Monetária (Copom) altere o ritmo de queda. A próxima reunião do Copom ocorrerá nos dias 19 e 20 de setembro.
O principal risco no cenário interno, na visão de Guardado, consiste em uma persistência da inflação global. Ela apontou uma desinflação lenta, em termos globais, nos núcleos de inflação.
Para a diretora do BC, uma eventual desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos é outro fator a ser observado. Sobre a China, Guardado disse se materializar um cenário de desaceleração “mais forte”.