Por: Gabriel Ponte
O presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee, minimizou os números do relatório de emprego conhecido como Payroll nos Estados Unidos desta manhã e afirmou que o Fed pode elevar os juros em até mais duas vezes neste ano para combater uma inflação persistentemente alta na economia americana.
“Nunca é possível extrair muito apenas de um número mensal”, afirmou ele, em entrevista à CNBC. Ainda segundo ele, mesmo que o mercado de trabalho se encontre forte, já há sinais de desaceleração.
Dados do Payroll mostraram na manhã desta sexta-feira que houve criação líquida de 209 mil postos de trabalho em junho nos EUA, abaixo do consenso, de 225 mil. As informações do Payroll ocorrem um dia após o relatório de emprego privado ADP apontar a criação de 497 mil vagas de emprego, mais do que o dobro da expectativa de analistas. Os dados calibram a execução da política monetária americana, já que indicam ao Fed a força do mercado de trabalho e da atividade, com potenciais reflexos para a inflação.
Na entrevista, o dirigente também afirmou não discordar do consenso de membros votantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de que os EUA precisarão lançar mão de altas adicionais dos juros no segundo semestre deste ano.
“Eu não vi nenhuma indicação de que uma ou mais duas altas dos juros neste ano seja errada”, disse ele, que é membro votante do FOMC. Goolsbee disse ainda haver altas “modestas” dos juros nos planos, mas o “timing permanece como principal questão” para esse aperto.
Goolsbee também se mostrou indeciso sobre a decisão do Fed deste mês. “Ainda quero ver mais dados da inflação”, afirmou. A próxima decisão de juros ocorrerá no dia 26 de julho.
Na próxima quarta-feira, sairão os dados da Inflação ao Consumidor (CPI), referentes ao mês de junho. As expectativas apontam para aceleração do índice, na base mensal, de 0,3%, contra alta de 0,1% em maio. Na quinta-feira, será a vez de o Departamento de Trabalho reportar os dados da inflação de preços ao produtor referente a junho.