Por Gabriel Ponte
A atividade econômica chinesa não tem confirmado o “pessimismo irrestrito” veiculado pelas publicações financeiras sobre o país asiático, avaliaram os analistas da consultoria Gavekal Research em relatório divulgado na terça-feira (22).
No documento, o CEO da Gavekal, Louis-Vicent Gave, observou que os preços das commodities, nos mercados internacionais, também não enfrentam grandes correções. A China é, atualmente, a maior importadora de commodities no cenário global. Ainda assim, segundo Gave, a sequencia de eventos recente parece apontar para um fim do rali observado em commodities, mas não para um “derretimento” do país asiático.
A consultoria também entende que os mercados acionários, embora estejam em queda, “não estão derretendo como se pode imaginar a partir do tom apocalíptico das reportagens da mídia de finanças”. De acordo com Gave, o tema do momento a ser observado é o derretimento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, e não a narrativa de “colapso” construída sobre a China.
Em outro ponto, Gave apontou que os papéis de bancos locais não renovaram as mínimas desde outubro de 2022, sob leitura de que essas companhias são, eventualmente, um prenúncio de eventuais problemas financeiros.
A Gavekal também observou que o consumo chinês tem se comportado bem, diante de uma bateria de resultados. Isso, segundo a consultoria, explica em parte a boa performance de papéis de luxo listados na bolsa, como a LVMH, a Hermès, etc.
Desde a eclosão da pandemia da Covid-19, a economia asiática apresenta sinais de dificuldade em retomar o crescimento acelerado que foi registrado nas últimas quatro décadas, impulsionando os preços globais do minério de ferro e do barril de petróleo. Os renovados temores envolvendo uma crise financeira no país asiático têm preocupado economistas globais.
Gave reconhece haver um “problema considerável” no setor imobiliário da China, na esteira da falência de companhias locais. No entanto, ele também cita haver uma “aparente falta” de contágio do setor no sistema bancário, ainda que momentaneamente.
A China também tem realizado uma transição de modelo – antes guiado pelo intervencionismo estatal em infraestrutura – para uma economia mais voltada ao consumo.