Além de Musk, investidor Bill Ackman pede cautela a Trump

Em meio ao caos nos mercados com tarifas, Musk publica vídeo de Milton Friedman defendendo livre comércio

Em meio ao caos nos mercados com tarifas, Musk publica vídeo de Milton Friedman defendendo livre comércio
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São Paulo, 07/04/2025 – Em um dia turbulento para os mercados financeiros globais, ainda sob os impactos das tarifas de importação anunciadas por Donald Trump, o empresário Elon Musk — apoiador do atual presidente dos Estados Unidos e membro do governo — publicou nesta segunda-feira, na rede social ‘X’, um famoso vídeo em defesa do livre comércio.

Musk, dono da Tesla e integrante do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), repostou um trecho do documentário Free to Choose, do economista Milton Friedman, disponível no YouTube sob o título “A história de um lápis”.

No vídeo, divulgado por Musk sem qualquer comentário adicional, Friedman argumenta que até mesmo a fabricação de um simples lápis depende de uma complexa rede de colaboração internacional, o que evidencia, segundo ele, as vantagens do livre comércio.

“Não existe uma só pessoa no mundo que poderia fazer este lápis”, afirma Friedman no vídeo, ao citar o uso de madeira dos Estados Unidos, grafite extraído de minas da América do Sul e borracha, possivelmente da Malásia. “É por isso que o funcionamento do mercado livre é tão essencial — não apenas para promover a eficiência produtiva, mas, ainda mais, para fomentar harmonia e paz entre os povos do mundo.”

Além de Musk, o investidor Bill Ackman, da Pershing Square, também se manifestou ao longo do fim de semana na rede ‘X’, pedindo que Trump adie a implementação das tarifas recíprocas — prevista para 9 de abril — para abrir espaço para negociações comerciais.

“O presidente tem a oportunidade de pedir uma trégua de 90 dias, negociar e resolver acordos tarifários assimétricos, além de incentivar novos investimentos no país. Por outro lado, se em 9 de abril lançarmos uma ‘guerra econômica nuclear’ contra praticamente todos os países do mundo, investimentos empresariais serão paralisados, consumidores fecharão suas carteiras e sofreremos um sério dano de reputação internacional, do qual pode levar anos — ou até décadas — para nos recuperarmos.”

Ackman, que apoiou Trump na campanha presidencial, alertou que os Estados Unidos estão “destruindo a confiança em nosso país como parceiro comercial e lugar para fazer negócios”, destacando que o clima de incerteza está levando CEOs e conselhos de administração a evitarem aprovar investimentos de longo prazo.

Na manhã desta segunda-feira, ele reforçou: “Ainda há tempo para um cessar-fogo antes que milhões de pessoas sejam prejudicadas.”

INSATISFAÇÃO

Ackman chegou a criticar o secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, afirmando que ele seria indiferente ao colapso do mercado de ações e da economia por estar posicionado em renda fixa por meio de sua empresa, a Cantor Fitzgerald. Mais tarde, voltou atrás e reconheceu ter sido “injusto” ao insinuar que Lutnick agiria em benefício próprio.

As manifestações de Musk e Ackman refletem como a postura agressiva de Trump em relação às tarifas — que surpreendeu negativamente os mercados — tem gerado atritos mesmo entre apoiadores do presidente e entre aqueles que, em essência, endossam sua agenda econômica.

“O país apoia 100% o presidente em seu esforço para corrigir o sistema global de tarifas, que deixou os Estados Unidos em desvantagem. Mas negócios são baseados em confiança… e o presidente está perdendo a confiança de líderes empresariais ao redor do mundo”, escreveu Ackman no X.

“As consequências para o país e para milhões de cidadãos que apoiaram o presidente — especialmente os consumidores de baixa renda, que já enfrentam forte pressão econômica — serão extremamente negativas. Não foi para isso que votamos”, concluiu o CEO da Pershing Square.

(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)