Por Bruno Andrade
“Uma melhora nas expectativas da inflação levaram o Banco Central a acumular a confiança necessária para iniciar o ciclo de baixa de juros”, disse o Diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Abry Guillen, em evento da TAG Investimentos nesta terça-feira (08).
A fala aconteceu no mesmo dia em que saiu a ata da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). Na decisão, o Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, o que causou uma redução da taxa básica de juros da economia de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano.
O corte, no entanto, mostrou uma divisão entre os diretores do BC. A votação ficou em 5 contra 4 entre cortar 0,50 ponto percentual e cortar 0,25 ponto percentual. O voto de minerva foi dado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. No evento, Guillen comentou as duas visões.
“Teve aquele grupo do 0,25 ponto percentual e o grupo de 0,50. Por um lado, tinha a questão de acreditar que o cenário não tinha mudado tanto (0,25 p.p.). De outro, houve expectativas de que a situação tinha melhorado com uma inflação mais benigna que a esperada anteriormente (0,50 p.p.)”, explicou.
Guillen votou para cortar a Selic em 0,25 ponto percentual. O Faria Lima Journal (FLJ) chegou a questionar o diretor do BC sobre os motivos do seu voto na saída do evento, mas a autoridade monetária preferiu não comentar o assunto.
Durante o evento, o diretor do BC explicou os motivos para o Copom sinalizar que os próximos cortes serão de 0,50 ponto percentual, ao invés de 0,75 ponto percentual ou mais. “É preciso acumular uma confiança mais forte para intensificar o cortes nos juros”, afirmou Guillen.
A autoridade monetária também foi questionada sobre um possível abandono do Banco Central com seu compromisso de combate a inflação com a saída de dois diretores que votaram pelo corte de 0,25 ponto percentual. Guillen mostrou certo incômodo com a pergunta.
“Eu acho que tem um excesso de tinta gasta nesses temas. Os temas são técnicos, os debates são profundos e o mandato está definido. Obviamente, que você vai ter algum debate, como nessa reunião de como seguir a política monetária”, disse.
“Mas eu não vejo [o Banco Central abandonado esse compromisso], porque eu acho que segue o debate técnico. Acho que o corpo técnico contribui muito no debate, traz os temas, traz os estudos. E ajuda a organizar a melhor estratégia”, detalhou.
Por fim, Guillen ainda comentou as expectativas para o Real Digital, que foi lançado na véspera pelo Banco Central. Segundo ele, a nova moeda digital vai além da transação do pagamento que é permitida pelo Pix nos dias atuais.
“A expectativa é que a moeda digital traga uma maior programabilidade sobre investimento e outras transações financeiras. Então, essa ideia de que vários bancos centrais têm feito sobre a moeda digital que ela ela facilita nessa intermediação. E é isso que a gente também tá atacando com com DREX (sigla do real digital)”, concluiu Guillen.